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GDF não sabe se pagará reajuste e servidores prometem greve geral

O secretário adjunto de Relações Institucionais, Igor Tokarski, não conseguiu dar uma resposta aos representantes de 32 categorias reunidos na Câmara Legislativa. Disse apenas que o governador os receberá até 16 de outubro para discutir a situação. Servidores estão revoltados

atualizado

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1 de 1 servidor - Foto: Manoela Alcântara/Metrópoles

Sob vaias e xingamentos, o Governo do Distrito Federal anunciou que não sabe se conseguirá pagar a terceira parcela do reajuste dos servidores de 32 categorias do funcionalismo local, conforme prometido em outubro de 2015. Coube ao secretário adjunto de Relações Institucionais, Igor Tokarski, divulgar a notícia, durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (22/9), na Câmara Legislativa, com representantes de entidades sindicais. A informação foi a fagulha que incendiou de vez o discurso de uma nova greve geral, nos moldes da que paralisou a capital federal no fim do ano passado.

Segundo Tokarski, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) fará uma reunião com os servidores até 16 de outubro, quando a folha de pagamento será fechada. Os servidores reagiram, vaiaram o secretário e afirmaram que, se não forem recebidos até 6 de outubro, entrarão em greve. Nessa data, está marcado um ato unificado de diversas categorias, em frente ao Palácio do Buriti, com indicativo de greve.

Em 2015, o GDF se comprometeu a pagar a terceira parcela do reajuste salarial concedido ainda no governo Agnelo Queiroz (PT) a 32 categorias, o que representa cerca de 153 mil servidores do DF, em outubro de 2016. No entanto, há divergência se os valores cairiam nas contas-correntes dos trabalhadores em outubro ou em novembro. O Buriti diz que a data correta é novembro. Entidades sindicais, contudo, afirmam que os salários têm que estar reajustados já em outubro.

O governo vai receber os sindicalistas. O governo não foge às responsabilidade, inclusive as fiscais. Este governo tem buscado todos os esforços no sentido de atender a necessidade desse reajuste. Um dos mecanismos é a aprovação de alguns projetos que ainda estão na Câmara Legislativa como o Refis, que possibilitará o pagamento de dívidas com o estado com desconto

Igor Tokarski

Repercussão
O presidente do Sindicato dos Médicos (Sindmédicos), Gutemberg Fialho, lamentou o resultado da audiência pública. “Encerrou-se a reunião e o resultado foi uma decepção para o servidor público. O governo, mais uma vez, confirma a sua reputação de caloteiro. Através do secretario adjunto, afirmou que não tem recursos e que se reunirá com os servidores para abrir os números até o dia 16. Marcou data e hora para oficializar o calote nas famílias dos servidores públicos do DF”, disse.

Ibrahim Yussef, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, Autarquias, Fundações e Tribunal de Contas do DF (Sindireta), afirmou que seria interessante o governo se reunir com as categorias antes do dia 6. “Esperávamos o reajuste para outubro. Nossa assembleia geral será no dia do pagamento. Pelo que o governo falou de ‘abrir números’, percebo que a possibilidade de greve é alta”, afirmou.

Tokarski disse que vai tentar antecipar a reunião com os sindicalistas, mas que a resposta se o GDF terá ou não o dinheiro para pagar os reajustes só ocorrerá após o fechamento da folha de outubro.

“Já temos um ato unificado marcado para 6 de outubro. O reajuste era para ter saído em 2015. Um ano se passou e nada. Deveríamos estar discutindo a reposição inflacionária dos anos que passaram. Ao todo, o prejuízo, sem a inflação, é de mais de 30%. Perdemos nossa capacidade financeira, afirmou Leandro Allan, presidente do Sindicato dos Agentes de Atividades Penitenciárias do Distrito Federal (Sindpen-DF).

Críticas de opositores e à falta de diálogo
Antes de Igor Tokarski fazer o anúncio, deputados distritais, federais e sindicalistas subiram o tom contra o governo caso a terceira parcela do reajuste não seja paga. O deputado Raimundo Ribeiro (PPS), da oposição, fez críticas severas a Rodrigo Rollemberg: “A nenhum governante é dado o direito de ser caloteiro. A população empresta ao eleito o poder de representá-lo, de conduzir a máquina administrativa. Lembro-me bem, fui líder desse governo — que triste memória… Sei das dificuldades que foram herdadas, mas o governo teve muito tempo para resolvê-las. Esse governo tem como principal característica a lerdeza”.

Os movimentos sindicais reclamaram da falta de diálogo com o GDF. Momentos antes de a audiência começar, por exemplo, ninguém sabia sequer quem seria o representante do Executivo no evento.

“Só recebemos notícia do pagamento pela imprensa. Não conseguimos conversar com o governo. A grande negociação para suspender a greve do ano passado, que durou 33 dias, foi pagar o reajuste e um cronograma para o retroativo, além do diálogo com as categorias. Nada disso aconteceu. A gente entendia ter um calendário de pagamento”, afirmou o presidente do Sindireta, Ibrahim Yusef. A entidade representa 40 mil trabalhadores.

A mesma sensação de falta de diálogo é relatada pelo presidente do Sindmédicos, Gutemberg Fialho. “Não conseguimos ter uma resposta do governo. Precisou-se convocar uma audiência pública para ouvirmos o que eles pensam”, disse.

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