“Bateu o desespero”, desabafa servidor após perder R$ 940 mil em golpe
Em entrevista ao Metrópoles, vítima conta, com detalhes, como caiu no sofisticado golpe que envolveu a compra de uma casa no Cruzeiro
atualizado
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O estelionatário Laécio da Costa Figueiredo, 33 anos, que aplicou golpes milionários vendendo imóveis de fachada no Distrito Federal, contava com um esquema sofisticado para falsificar documentos e enganar as vítimas. O Metrópoles conversou com um servidor público que teve um prejuízo de quase R$ 1 milhão ao comprar uma casa no Cruzeiro Velho que jamais pertenceu ao golpista. Ele luta há um ano na Justiça para tentar recuperar a quantia.
O criminoso foi preso nesta segunda-feira (6/3) por policiais da 3ª DP (Cruzeiro). O servidor de 54 anos, que pediu para não ter o nome revelado, contou que teve o primeiro contato com Laécio em janeiro de 2016, quando avistou uma faixa que anunciava a venda de um sobrado.
Interessado, ele ligou para o criminoso. No mesmo dia, foi até o imóvel, na Quadra 10 do Cruzeiro Velho. “A casa estava praticamente vazia. Laécio explicou que já havia retirado os móveis e se mudaria para outra residência que ele havia comprado”, contou.
Em 4 de janeiro do ano passado, o servidor e o golpista foram ao Cartório do 1º Ofício de Registro de Imóveis, no Setor de Rádio e TV Sul. Ele não desconfiou que estava sendo enganado depois que a certidão de ônus do imóvel foi emitida sem problemas. “Também tive acesso aos documentos de nada consta de Laécio, de suas empresas e consegui, inclusive, fazer a escritura da casa”, afirmou.
O servidor afirmou à reportagem que impressionava a forma com que o estelionatário apresentava, com celeridade, todos os documentos necessários para concluir a transação. “Ele conseguia tudo de forma rápida e boa parte dos documentos vinha do Paraná”, lembrou.
Um dia depois, em 4 de janeiro do ano passado, a vítima e o golpista fizeram um contrato de compra e venda. A casa estava no nome da empresa de fachada LW Administrações de Bens e Participações Sociais. Laécio chegou a forjar a assinatura do verdadeiro dono da casa e o colocou como sócio da empresa. “Depois disso, o cartório emitiu a escritura da casa em meu nome. A situação é surreal”, desabafou o servidor.Após firmar o contrato fraudulento, a vítima transferiu R$ 940 mil para a conta de Laécio. Dias depois, o golpista deixou o imóvel e ele começou a fazer benfeitorias na casa, como a troca de piso.
Só deu conta de que havia caído em um golpe quando o verdadeiro dono da casa apareceu e perguntou quem ele era e o motivo de estar fazendo obra no imóvel. “Naquele momento, bateu o desespero, principalmente em saber que as economias de uma vida toda haviam se esvaído”, desabafou
Cheque voador
Mesmo depois que o golpe foi descoberto, Laécio continuou atendendo às ligações feitas pelo servidor, que queria receber o dinheiro de volta. O estelionatário tentou um acordo quando ele entrou na Justiça e uma ação civil foi aberta. “Mais uma vez ele tentou me enganar e me deu um cheque no valor de R$ 940 mil. É claro que o cheque estava sem fundos”, disse.
O servidor ainda tem esperanças de reaver a quantia. Ele espera que, com a prisão do golpista, a polícia possa mapear o caminho que o dinheiro fez depois que foi depositado. “Graças a Deus eu não me desfiz da casa onde morava. Só espero que novas informações da investigação ajudem as vítimas a tentarem recuperar pelo menos parte do que foi levado de forma criminosa por esse bandido”, finalizou.
De acordo com a polícia, Laécio foi preso no Cruzeiro em cumprimento de mandado de prisão preventiva. Ele é considerado um dos maiores estelionatários do DF. O acusado teria aplicado golpes que ultrapassam a casa dos R$ 3 milhões. Pelo menos 10 vítimas já o denunciaram.