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Vaga de emprego: procura-se secretário de Segurança que ajude a contornar a crise

Rollemberg tenta encontrar um nome que não agrave os problemas no governo, agrade às polícias Militar e Civil e dê continuidade ao principal programa do GDF para a área. O candidato pode até vir de fora

atualizado

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Ao manter no cargo o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Florisvaldo Cesar, Rodrigo Rollemberg sabia que Arthur Trindade pediria demissão. Só não esperava perder o titular da Segurança Pública e da Paz Social de imediato. O governador conversou, pediu e insistiu, mas o secretário deixou a pasta e expôs a crise na área.

Gabriel Jabur/Agência Brasília
Rollemberg e Trindade: crise na segurança

Trindade criticou abertamente a truculenta ação da PMDF contra os professores no protesto do último dia 28, falou em “desmandos” na corporação e fez valer o “ou eu ou ele” prometido durante reunião com o chefe do Executivo.

Além de enfrentar uma série de greves do funcionalismo local e uma crise financeira que paralisa o DF, Rollemberg tem uma espinhosa tarefa: encontrar um secretário que agrade PMs, policiais civis e bombeiros. É um desafio delicado, e qualquer passo em falso pode causar mais um problema para um setor que, na avaliação do próprio GDF, vem gerando resultados satisfatórios nestes últimos meses. Os policiais, por exemplo, não aderiram aos movimentos grevistas encabeçados por mais de 30 categorias.

Professor da Universidade de Brasília (UnB), o sociólogo Arthur Trindade nunca foi unanimidade na área. Policiais militares e civis são reticentes quando se trata de uma pessoa que não atua na segurança pública para assumir a pasta no Executivo local. No entanto, se Rollemberg escolher um coronel da PM, desagrada à Polícia Civil; se optar por um delegado, contraria os militares. Historicamente, escolhas que evitam maiores desgastes entre as corporações costumam vir da Polícia Federal.

Bolsa de apostas
Sem um nome forte à disposição, as apostas tendem justamente para esse lado. Uma possibilidade discutida nos bastidores do Buriti nesta quinta-feira era Wilson Damázio, que foi secretário de Defesa Social de Pernambuco na gestão de Eduardo Campos (PSB) — ex-governador morto em acidente de avião em agosto do ano passado, quando disputava a corrida presidencial.

Governo de Pernambuco/Divulgação
O ex-secretário de Segurança de Pernambuco, Wilson Damásio

Damázio é também ex-superintendente da Polícia Federal de Pernambuco. O raciocínio discutido no Buriti é simples: ele seria uma opção pacífica e daria continuidade ao programa de segurança Viva Brasília — Nosso Pacto pela Vida (inspirado no Pacto Pela Vida, aplicado em Pernambuco), um dos carros chefes da gestão Rollemberg. O certo é que qualquer candidato de fora a assumir a pasta vai encontrar, em Brasília, situação diferente da de outras unidades da Federação — além de forte resistência por parte das corporações locais.

No DF, a relação entre o secretário e as forças de segurança não é de subordinação. As polícias militar e civil, por exemplo, são somente vinculadas à secretaria, por isso mantêm certo grau de autonomia.

Quando não há um alinhamento institucional com as políticas do secretário, o conflito está estabelecido. No mínimo, é um conflito de ideias. Foi o que ocorreu no DF

Nelson Gonçalves de Souza, professor e pesquisador em segurança pública da Universidade Católica de Brasília

“Ou ele ou eu”
O estopim da crise que culminou na saída de Trindade foi o incidente com os professores. No fim da tarde de 28 de outubro, uma quarta-feira, o comandante-geral da PM não avisou o secretário Arthur Trindade que chamaria o Batalhão de Choque para conter a manifestação dos professores, que bloqueava o trânsito na saída do Eixão Sul. Trindade não achou de bom tom. A repercussão política foi pesada, e o secretário aproveitou para fazer cobranças ao comandante. Florisvaldo Cesar admitiu que havia tomado a decisão sozinho. Os dois bateram boca e os ânimos precisaram ser acalmados por integrantes do governo.

PMDF/Divulgação
Florisvaldo Cesar, comandante-geral da PMDF

Depois da reunião, segundo fontes ligadas ao GDF, Florisvaldo teria colocado a própria cabeça à disposição do governador porque não queria acirrar a crise na segurança pública. O desfecho do caso caminhava nessa direção até a noite de terça-feira (3), mas políticos e oficiais da PM ameaçaram entregar os cargos. Pressionado, Rodrigo Rollemberg não aceitou a demissão do comandante. Como Trindade já tinha dito “ou ele ou eu”, ficou sem opção e deixou a pasta. Até que o governador encontre um substituto, a secretária-adjunta, Isabel Seixas, fica no posto interinamente.

Expectativa
Presidente da Associação dos Praças, Policiais e Bombeiros Militares do Distrito Federal (Aspra-DF), João de Deus acredita que existem bons nomes em Brasília — tanto na PM quanto na Civil — para assumir a função. “Agora é arrumar alguém que possa ‘operacionalizar’ mais, alguém que seja ligado à segurança pública. O Arthur Trindade tem qualidade para outras coisas, mas não passou no teste como secretário.”

Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol), Rodrigo Fernandes, no entanto, o momento é de preocupação. “A população vive uma grande sensação de insegurança. Quando há uma crise, ela se agrava em um momento como esse. Até que se acomode a situação política, vamos perder muito tempo”, disse.

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