Roubos a residências aumentam 71,2%
Dados fazem parte de balanço que o GDF apresenta na tarde desta quinta-feira (4/2), comparando janeiro de 2016 com o mesmo período do ano passado. Roubos a coletivos e estupros também apresentaram crescimento. Já os homicídios e os latrocínios diminuíram
atualizado
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As estatísticas apresentadas na tarde desta quinta-feira (4/2) pelo GDF confirmam a sensação de insegurança que o brasiliense sente diariamente dentro da própria casa. Em janeiro de 2016, houve 89 roubos a residências, contra 52 registrados no mesmo mês do ano passado — um crescimento de 71,2%.
Os números incluem casos que chocaram a população devido à ousadia dos criminosos, como a ação na QL 12 do Lago Sul — a Península dos Ministros —, próximo às residências oficiais da Câmara e do Senado, e o episódio em que um adolescente de 12 anos foi esfaqueado dentro da própria casa ao defender a mãe.Os dados foram apresentados pela secretária de Segurança Pública e da Paz Social, Márcia de Alencar, em coletiva de imprensa na tarde desta quinta. Quando assumiu a pasta, em 6 de janeiro, ela elencou duas prioridades: diminuir os roubos a residências e a coletivos. Entretanto, as duas estatísticas foram justamente as que mais aumentaram.
No mês passado, foram 241 assaltos em ônibus no Distrito Federal, contra 211 no mesmo período de 2015, uma variação de 14,2%.
O roubo a residências é o crime que mais nos desafia. É, hoje, o indicador mais significativo deste balanço. É importante que as polícias Militar e Civil ressaltem as estratégias adotadas para conter esse fenômeno
Márcia de Alencar, secretária de Segurança Pública
Segundo a secretária, o crescimento do Entorno tem relação direta com a violência no DF. “Precisamos ampliar as ações e alcançar a Ride (Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno). Nós temos hoje situações de vulnerabilidade social e econômica evidentes, com altas taxas de desemprego em função da crise econômica. Precisamos de ações planejadas para o achatamento desses números”, afirmou.
Os registros de outros crimes também cresceram na comparação dos dois períodos. Os roubos a pedestres passaram de 2.860 para 3.061 (variação de 7%); os casos de estupro subiram de 45 para 51 (aumento de 13,3%); e as tentativas de latrocínio foram de 19 para 26.
Homicídios diminuem
No entanto, algumas ocorrências graves diminuíram na comparação entre os dois últimos janeiros. Enquanto o primeiro mês de 2015 teve 69 homicídios e sete latrocínios, este ano os registros foram de, respectivamente, 64 e quatro.
Já as tentativas de homicídio caíram de 104 para 93 (-10,6%), os furtos a comércios diminuíram de 1.237 para 999 (-19,2%), os roubos a comércio passaram de 357 para 322 (-9,8%) e os roubos a veículos foram de 522 a 494 (-5,4%).
Além de Márcia de Alencar, participaram da coletiva o coronel Marco Nunes, comandante-geral da PM; o coronel Hamilton Esteves, comandante-geral do Corpo de Bombeiros; Jayme Amorim, diretor-geral do Detran; o coronel Márcio Pereira, titular da Subsecretaria de Integração e Operações de Segurança Pública; Anderson Espíndola, diretor-geral adjunto da Polícia Civil; e o coronel Sérgio José Bezerra, subsecretário de Proteção e Defesa Civil.
Adolescentes infratores
Os dados apresentados pela Polícia Civil informam que, na comparação de janeiro do ano passado com o deste ano, a corporação registrou aumento de 16,4% na quantidade de procedimentos de apuração de ato infracional (ocorrências que envolvem adolescentes): de 700 para 815. No mesmo período, foram menos inquéritos policiais instaurados — de 2.990 para 2.870 — e termos circunstanciados — de 2.744 para 2.418.
Márcia de Alencar afirmou que existe uma tendência de antecipação da juventude em infrações. “Isso nos faz repensar a forma como o Estatuto da Criança e do Adolescente está posto”, disse a secretária. Ela acrescentou que a participação de menores no crime em que o pai de dois estudantes de um colégio no Guará foi morto não foi confirmada pela Polícia Civil.
Bombeiros contra a dengue
Em janeiro deste ano, os bombeiros visitaram 13.246 residências na ações de combate e prevenção à dengue e à chikungunya, com 467 focos identificados.
No período, eles atenderam 5.269 ocorrências, sendo 2.046 atendimentos pré-hospitalares, 945 em acidentes de trânsito, 229 de socorro, busca e salvamento e 241 combates a incêndios urbanos e florestais.
Blitz e bafômetro
Os dados apresentados sobre o Detran apontam que, no primeiro mês de 2016, o departamento fez 110 blitzen, apreendeu 1.635 veículos, autuou 813 motoristas por beber e dirigir e efetuou 170 flagrantes de alcoolemia.
No período, foram licenciados 19,4 mil veículos, houve a expedição de 2.407 Carteiras Nacionais de Habilitação e a suspensão de outras 386 CNHs.
Na comparação de janeiro deste ano com o mesmo mês de 2015, foi verificada redução no número de mortes no trânsito: de 33 para 24. “Isso é uma indicação de que a nossa política de educação e de fiscalização de trânsito está no caminho certo”, afirmou o diretor-geral do Detran, Jayme Amorim.
Já a Defesa Civil destaca a realização de 57 vistorias — entre elas, 20 em casas de espetáculos, bares e boates. No mês, houve ainda 112 interdições, desinterdições e notificações de edifícios.
OAB manifesta preocupação…
Um dia antes da divulgação do balanço, a seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu nota em que manifestou preocupação com a crescente violência em Brasília.
“O governo, por meio parcerias e sob os olhares atentos de entidades da sociedade civil organizada, tem de elaborar um planejamento estratégico e efetivo de enfrentamento da criminalidade, com menos fogos de artifícios e mais trabalho para colocar as coisas em ordem”, diz a nota assinada pelo presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto.
…E Rollemberg contesta
Por meio de nota, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) contestou as declarações do presidente da OAB-DF. “É salutar que a OAB esteja disposta a colaborar no debate sobre uma política de segurança pública para a cidade, mas o governo espera da casa da advocacia um debate construtivo e responsável”, disse.
Em outro trecho, Rollemberg é enfático: “Em nenhum momento soltamos fogos de artifício para comemorar os avanços, e estamos longe de onde queremos chegar, mas os números são públicos, já foram amplamente divulgados, e expressam o resultado do mencionado ‘planejamento estratégico e efetivo de enfrentamento da criminalidade'”.