Alô, é da cadeia? A polícia está sem telefone fixo, mas não falta celular pra bandido
Enquanto faltam linhas telefônicas na Papuda, agentes apreendem celulares no CPP
atualizado
Compartilhar notícia
Depois da maior fuga da história do Complexo Penitenciário da Papuda, ocorrida na madrugada de domingo (21/2), novas falhas na gestão prisional na capital da República começam a vir à tona. Desta vez, em outra unidade. Enquanto a Penitenciária do Distrito Federal I (PDF I), na Papuda, não tem sequer linhas de telefone fixo para os agentes de segurança, conforme relatado pelo diretor da unidade, Mauro Cezar Lima, no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), o problema é a quantidade de celulares apreendidos com criminosos. Dezenas de aparelhos, drogas e objetos usados como armas foram achados no local, durante revista ocorrida na última sexta-feira (19), segundo apurou o Metrópoles.
A quantidade surpreendeu até os servidores mais antigos. Foram encontrados 53 celulares, dezenas de chips pré-pagos e carregadores, além de porções de maconha, pedras de crack e armas brancas. “Como os internos saem para trabalhar todos os dias, o controle na entrada precisa ser minucioso, e isso não está ocorrendo”, disse uma fonte ouvida pela reportagem.O CPP, conhecido como “Galpão”, fica no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e abriga cerca de 1,7 mil presos que cumprem pena em regime semi-aberto. Por lá, já passaram condenados famosos, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, envolvidos no mensalão.
Armas brancas
Os presos também não podem entrar na cadeia com isqueiros, usados para provocar incêndios em colchões e consumir drogas, e objetos usados como armas. No entanto, a revista pegou cerca de 100 isqueiros, além de quatro tesouras e dois estiletes. O material proibido costuma entrar escondido em meio às roupas dos detentos. Os internos que têm trabalho externo durante o dia deixam os pavilhões do CPP por volta de 8h e retornam ao fim do expediente comercial.
Uma grande quantidade de drogas também foi encontrada pelos servidores do CPP. Havia dezenas de comprimidos de roupinol — medicamento controlado usado no golpe conhecido como “boa noite, Cinderela” —, trouxinhas de maconha e pedras de crack. Durante a revista, ainda foram apreendidos baralhos e dados, usados para a prática de jogos de azar, proibidos dentro do sistema penitenciário.
Tanto a Secretaria de Justiça quanto a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) foram procuradas para falar sobre o material encontrado dentro do CPP, mas não tinham se pronunciado até a publicação desta reportagem.
Déficit de pessoal
Por meio de nota divulgada na tarde desta segunda-feira (22), o Sindicato dos Agentes de Atividades Penitenciárias do Distrito Federal (Sindpen-DF) disse que o déficit de servidores tem prejudicado a atividade nas unidades carcerárias. “A fórmula superlotação, mais baixo efetivo, mais falta de condições de trabalho teve como resultado duas fugas no mês de fevereiro, situação que somente agora começa a preocupar as autoridades e a população em geral. É importante ressaltar que, atualmente, as unidades prisionais do DF comportam aproximadamente cerca de 15 mil pessoas presas, em diversos regimes, e apenas 1,2 mil profissionais.”