Para polícia, Jéssica Leite pode ter sido morta por um conhecido
Segundo o delegado Flávio Messina, a jovem mudou a rotina na tarde em que foi assassinada e permaneceu por 15 minutos no local em que acabou morta
atualizado
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A polícia não descarta qualquer possibilidade no caso do assassinato da estudante Jéssica Leite, de 20 anos. A jovem foi morta a 200 metros de casa, na EQNL 21/23 de Taguatinga, na tarde de terça-feira (14/6). Segundo o delegado Flávio Messina Alvin, da 17ª Delegacia de Polícia, o autor do crime pode ser um conhecido da universitária, já que ela mudou a sua rotina e permaneceu por cerca de 15 minutos no local em que foi assassinada.
“É um caso muito diferente, porque não levaram nada. Quando policiais chegaram no local, o corpo estava cercado por moradores. Pode ser que o celular levado nem esteja com o assassino”, afirmou na manhã desta quarta (15). A polícia também está em busca das imagens de câmeras de segurança das casas e comércios próximos ao local do crime.
De acordo com ele, no dia do crime a jovem saiu mais cedo de casa dizendo que ia para a faculdade. As aulas da vítima só começam às 19h30. No entanto, ela desviou o caminho em direção ao ponto de ônibus e sentou em um banco no Ponto de Encontro Comunitário (PEC), local em que acabou morta e que é frequentado por usuários de droga. “O telefone ainda não foi localizado. A polícia está tentando rastrear o celular e ter acesso a e-mails e conversas de WhatsApp“, explicou o delegado.O policial contou que Jéssica tinha uma pequena lesão no dedo, o que indica que tentou reagir. Como o golpe foi forte e preciso, o delegado também trabalha com a hipótese de o assassino ser do sexo masculino. Uma das dificuldades encontradas pela polícia é que não há testemunhas. Ninguém viu ou ouviu gritos nem uma movimentação estranha. “Inicialmente, o caso começou a ser apurado como latrocínio, mas como não levaram a bolsa, o caso pode ser investigado como homicídio”, ressaltou Alvin.
Ainda na terça, a polícia ouviu a pessoa que encontrou a estudante. Segundo o delegado, Jéssica agonizou por cerca de 10 minutos até ser encontrada. Um jovem que mantinha um relacionamento aberto com a vítima também foi ouvido informalmente ontem. Ele deve voltar a ser intimado nos próximos dias para dar mais detalhes sobre a relação.
A bolsa de Jéssica foi localizada num local próximo, com documentos e cartões de bancos. A reportagem foi ao local na manhã desta terça. O assunto era o mesmo entre os vizinhos: quem poderia ter cometido tamanha maldade? Um morador que não quis se identificar disse que o Ponto de Encontro Comunitário é movimentado. “Sempre tem crianças indo e voltando para escola. Já foram registrados casos de assalto e furto, mas nada além do normal para uma cidade do tamanho de Taguatinga”, explicou.
Comerciantes da região, no entanto, reclamam do elevado número de usuários de maconha que ficam concentrados no local. “É possível sentir o cheiro de maconha de longe. No gramado da praça tem latinhas queimadas usadas para fumar crack, garrafas de bebidas e várias pontas de cigarro”, descreveu um empresário.
Latrocínio
A família não tem dúvidas de que os bandidos tenham sido atraídos ao ver o celular da vítima. Segundo parentes próximos, Jéssica já acordava ouvindo música, sempre estava conectada conversando com amigos e atualizando as redes sociais.
“Ela gostava de andar com fone, ouvindo música. Alertamos sobre o perigo de assalto, mas sabe como são os jovens hoje em dia”, disse uma prima da estudante. “A família está muito abalada. É difícil acreditar que isso ocorreu”, desabafou emocionada. Ela contou também que a jovem não tinha namorado e nem sofria ameaças. A polícia, entretanto, informou que Jéssica tinha um “ficante” (relacionamento sem compromisso). Ele foi ouvido informalmente na terça e será chamado novamente para depor.
Ao Metrópoles, o professor de Teoria da Comunicação Luiz Iasbeck, que dava aulas para a jovem assassinada, contou que a aluna era uma pessoa muito alegre, curiosa, divertida e sempre chamava a atenção porque costumava pintar o cabelo com cores diferentes.
Iasbeck falou sobre a relação da jovem com o celular: “Todo mundo pensa que o celular é uma coisa fútil… parece que reagir foi um ato de mesquinharia. Mas, para quem lida com comunicação, o celular é uma parte do corpo. Isso justificaria a reação, o impulso.”