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O terror não poupa nem padres. Religioso que conseguiu abrigo no DF para famílias expulsas de casa é ameaçado de morte por milícia carioca

A Polícia Civil de Goiás e a do Rio investigam o caso. Pároco que atua no Novo Gama (GO) publicou vídeo nas redes sociais denunciando as intimidações

atualizado

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Reprodução/Facebook
Padre Pedro Stepien
1 de 1 Padre Pedro Stepien - Foto: Reprodução/Facebook

Há 14 anos, o padre polonês Pedro Stepien celebra missas na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Lago Azul, bairro do Novo Gama (GO). Diretor da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, o sacerdote ficou conhecido por ajudar a população do bairro. Apesar do trabalho social, há um ano, o pároco vem recebendo ameaças de uma milícia do Rio de Janeiro por ter acolhido, no Distrito Federal, sete famílias expulsas de um condomínio do Minha Casa, Minha Vida, em Campo Grande, zona oeste carioca. Essas pessoas foram acolhidas, segundo Stepien, “por famílias cristãs do DF”.

Na semana passada, depois de receber uma carta com ameaça de morte, o padre decidiu expor a história em seu perfil do Facebook e em grupos no WhatsApp. “Os bandidos querem que eu entregue essas famílias. Mas como posso fazer isso com meus irmãos de fé? Estaria traindo os meus próprios ensinamentos”, explica Stepien.

Os criminosos passaram a perseguir o sacerdote após uma audiência pública, em 2015, na Câmara dos Deputados. Na ocasião, o padre denunciou a atuação da milícia “Liga da Justiça” por expulsar moradores do condomínio popular. “Não recebi segurança do governo e de nenhum político, mas ganhei o apoio do povo brasileiro”, conta Stepien.

 

Facebook/Reprodução

 Em 27 de janeiro deste ano, o pároco registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia do Novo Gama (GO). Os agentes informaram que o caso está sendo investigado. A Polícia Civil do Rio de Janeiro também apura as denúncias. O padre já entregou seu celular às autoridades. De acordo com o jornal O Dia, na quinta-feira (25/2), a acusação chegou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que pode acionar a Polícia Federal por se tratar de um programa habitacional da União.

 

Ainda segundo a publicação, os investigadores desconfiam de que há interlocutores, ou “olheiros” da milícia morando em Brasília. Em uma das mensagens no celular do padre, dizem que o estão monitorando de perto, inclusive por telefone.

Reprodução
Ameaça enviada a uma das vítimas abrigadas pelo padre

 

O Metrópoles teve acesso a uma conversa entre uma das vítimas acolhidas pelo padre Stepien e o miliciano. No áudio, o criminoso diz que invadiu a casa dela no conjunto habitacional do Minha Casa, Minha Vida no Rio e que, se ela tentar voltar para lá, vai matar todos os integrantes da família. As gravações foram feitas há um ano e meio.

 

 

Governo do Rio de Janeiro/Divulgação“Liga da Justiça”
Em agosto do ano passado, policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão em condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida no Rio de Janeiro. O objetivo da ação foi investigar a atuação de grupos milicianos nesses locais, por meio da cobrança ilegal de taxas por serviços de proteção, TV a cabo clandestina, agiotagem e pela imposição, aos moradores, da compra de cestas básicas por preços acima dos de mercado.

Os milicianos também são acusados de explorar jogos de azar, a prestação de serviços de transporte coletivo alternativo clandestino e a venda ilegal de botijões de gás. A Secretaria Estadual de Segurança do Rio de Janeiro informou que 30 mil pessoas vivem nesses condomínios construídos com verbas federais, que atualmente estão sendo controlados pela milícia “Liga da Justiça”. Com informações da Agência Brasil.

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