Mulher que encontrou mochila de Jéssica fala com o Metrópoles
Ela contou que entregou a bolsa na casa de uma vizinha, já que a família da estudante assassinada na terça-feira (14/6) não estava em casa. E que retornou ao local do crime apenas com um documento de identidade da jovem, entregue à polícia, para a menina não ser “levada como indigente”
atualizado
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Uma testemunha ouvida pela Polícia Civil ainda no dia em que a jovem Jéssica Leite, 20 anos, foi assassinada com uma facada certeira no peito contou, em depoimento, que encontrou a mochila da estudante no local do crime, quando a vítima ainda agonizava, e levou a bolsa até a casa da família. Localizada pelo Metrópoles, a mulher, uma aposentada de 62 anos que pediu para não ser identificada, disse que como não havia ninguém na residência, deixou a sacola com uma vizinha, retirando apenas um documento de identidade da estudante. Ela, então, retornou ao local em que estava o corpo da menina e entregou a carteira à polícia.
Segundo a polícia, foram encontradas na mochila de Jéssica pequenas porções de drogas, uma balança de precisão e vários chips de celular. A família afirma que desconhece o envolvimento da garota com o tráfico. A testemunha ouvida pela reportagem disse que encontrou a estudante de jornalismo gravemente ferida na tarde de terça (14/6), no Ponto de Encontro Comunitário (PEC) na EQNL 21/23, de Taguatinga. E que algumas pessoas já estavam na praça tentando salvá-la.A testemunha percebeu que a mochila da garota estava aberta e retirou de dentro um currículo que continha os dados de onde ela morava. Com medo de alguém roubar os objetos da vítima, pegou a bolsa e, com base nas informações do currículo, chegou até a casa da jovem. No entanto, não encontrou ninguém na residência.
Ela, então, deixou a bolsa com uma vizinha da garota, retirando apenas um documento. “Eu não queria que ela fosse levada como indigente, por isso levei os documentos de volta”, contou. Ainda de acordo com a testemunha, durante o trajeto que percorreu em poder da bolsa, não percebeu se tinha ou não um volume diferente. A mulher ressaltou que não viu a balança e nem drogas.
Na hora eu estava nervosa e, para mim, era o peso de uma bolsa normal. Eu vi apenas o plástico transparente com os currículos e tirei um para tentar identificá-la. Não reparei se haveria algo dentro da bolsa na hora.
Testemunha
Para a família da jovem, alguém pode ter mexido na mochila. Nesta sexta (17), um familiar de Jéssica confirmou que a bolsa foi entregue a eles por uma vizinha e permaneceu na residência até a chegada da polícia. Contou que a sacola chegou a ser aberta e que os parentes encontraram um casaco, mas que os policiais chegaram e disseram para não mexer, pois o material seria periciado e poderia ter provas importantes.
Procurado pelo Metrópoles, o delegado não atendeu as ligações. Desde quinta (16), a polícia tem mantido sigilo sobre as investigações. Os agentes estiveram na casa de Jéssica e não encontraram indícios de que a jovem tivesse qualquer ligação com o tráfico de drogas. A mãe dela, Mônica Leite, também foi ouvida. Muito emocionada e visivelmente abatida, esteve na delegacia acompanhada do irmão. Os dois deixaram a DP levando a mochila da estudante.
Em entrevista na quarta (15), o próprio delegado Flávio Messina fez questão de destacar que não se pode afirmar com certeza que o material (porções de maconha, microsselos de LSD, uma balança de precisão e um aparelho para triturar a droga) pertencia à jovem, uma vez que poderia ter sido plantado (colocado propositadamente) na bolsa. Ele lembrou ainda que o celular pode ter sido levado após o assassinato, uma vez que houve um grande aglomerado de pessoas ao redor do corpo.
O caso
Jéssica levou uma única e certeira facada no peito. O crime começou a ser investigado como latrocínio (roubo seguido de morte), já que o celular da jovem desapareceu. Porém, a possibilidade de ter sido um homicídio, praticado por um conhecido da universitária, ganhou fôlego, principalmente depois que drogas e uma balança de precisão foram encontradas dentro da mochila da vítima.
Também chamou a atenção da polícia o fato de Jéssica ter mudado a rotina no dia em que morreu, permanecendo cerca de 15 minutos em um Ponto de Encontro Comunitário (PEC) a 200 metros de sua casa, na EQNL 21/23.
Na noite de quarta, um casal chegou a ser detido pela Polícia Militar suspeito de ter assassinado a jovem. mas como o homem e a mulher não foram reconhecidos por testemunhas, acabaram liberados. Um facão encontrado com eles, entretanto, foi recolhido e enviado para perícia.