MP abre inquérito para apurar falhas em armas de policiais no DF
O alvo é a Taurus, que monopoliza o mercado de pistolas no país. Desde o início do ano, o “Metrópoles” vem mostrando problemas que colocam a vida dos agentes em risco e deixam sequelas físicas e psicológicas
atualizado
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As recorrentes falhas nas armas utilizadas por policiais militares e civis do Distrito Federal estão na mira do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). O órgão instaurou inquérito civil para investigar a Forja Taurus, empresa responsável por fornecer armamento para a área de segurança pública. Cerca de 34 policiais ficaram gravemente feridos após vários modelos de pistolas dispararem sem o acionamento do gatilho, alguns no Distrito Federal.
Além de colocar a vida dos agentes em risco, os problemas estão deixando sequelas físicas e psicológicas nos policiais. As denúncias foram publicadas com exclusividade pelo Metrópoles. A Taurus lidera o mercado no país, uma vez que as polícias só podem efetuar compras de empresas estrangeiras se não houver modelo semelhante produzido nacionalmente.
A investigação está a cargo da 3ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Consumidor. Além da apuração dos fatos, o inquérito tem como objetivo “a indicação de responsabilidades e adoção das medidas judiciais e extrajudiciais em defesa dos consumidores”. Nos últimos dias, os promotores têm recebido visitas de vítimas da Taurus. Policiais chegaram a levar laudos e ocorrências ao MPDFT.
O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) também já apresentou denúncias nas esferas policiais e jurídicas alertando sobre as falhas. Uma audiência pública será realizada no Congresso Nacional, no mês que vem, para debater o monopólio da Taurus no país.
Na última semana, um policial militar do DF gravou vídeo denunciando um problema no gatilho da pistola PT 24/7. Confira abaixo:
Especialistas do Instituto de Criminalística da Polícia Civil do DF fizeram uma análise inédita este ano. O laudo concluído em março e publicado pelo Metrópoles revelou que, durante um teste por amostragem, de 25 pistolas .40, dez apresentaram falhas de segurança e dispararam ao cair no chão.
As armas usadas pertencem à Polícia Civil e não apresentavam qualquer defeito aparente. Durante os testes, as pistolas foram jogadas em piso de concreto e de borracha, em cinco posições diferentes. A solicitação para a avaliação do armamento foi urgente e partiu da Divisão de Controle de Armas e Explosivos (Dame) da corporação.
Um outro laudo está em análise pela corporação. O assunto saiu da esfera regional depois que policiais do Rio de Janeiro também denunciaram os problemas enfrentados pelas armas, colocando a vida deles em risco.
Uma denúncia que trata da aquisição das armas com defeito foi aberta em 2015 no Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). O caso segue em análise pelo promotor Marcelo Tannus Filho.
O órgão também apura a denúncia de vítimas da Taurus em todo o Brasil, que pedem a retirada do mercado dos produtos defeituosos. O processo está no Núcleo de Defesa do Consumidor.