Mãe de vigilante morto diz que PM “zombou” de seu sofrimento
“Meu filho está no caixão por causa da imprudência de um policial. Quero justiça”, disse Iberenice Santos, durante o velório de Kadu, nesta terça (25)
atualizado
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Iberenice Ribeiro dos Santos, a mãe do vigilante Kássio Enrique Ribeiro de Souza, 32 anos, morto a tiros pelo cabo da PM de Goiás Yuri Rafael Rodrigues da Silva Miranda, na madrugada de domingo (23/10), disse que o militar “zombou” do seu sofrimento. Ela estava trabalhando fazendo revista feminina na casa de festa onde ocorreu o crime, no Gama, e se desesperou ao ver Kadu, como a vítima era conhecida, baleada e sem vida no chão.
“Quando eu estava com meu filho morto nos braços, o PM zombou do meu sofrimento. Disse que fez o certo porque meu filho estava armado. Ele (Kadu) não tinha arma. Ia apenas pegar o rádio para chamar reforço devido à confusão”, garantiu Iberenice, durante o velório do filho nesta terça-feira (25), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.
Agora, restam a dor e o pedido de justiça. “Meu filho deixou três filhos e a esposa grávida (de três meses). Ele está dentro de um caixão por causa da imprudência de um policial. A justiça precisa ser feita para que outras mães não sintam a dor que estou sentindo agora”, desabafou Iberenice.
Também presente no velório, Renata dos Santos, que trabalhava na bilheteria da casa de festas Millenium no dia do crime, disse que o policial chegou ao local e tentou entrar no evento sem pulseira de acesso. “Arrumou confusão. Aquele homem devia estar protegendo a nossa vida e não matando pai de família com tiro nas costas”, ressaltou. Segundo as testemunhas, o cabo estava embriagado.Marcela Ione, irmã de Kadu, conta que ele começou a trabalhar como segurança havia três anos. “Gostava muito. O sonho dele era virar policial e foi morto por um policial”, disse a irmã. Os familiares negam que Kássio estivesse portando simulacro de arma no dia do crime e garantem que o objeto foi “plantado” pelo policial na cena do crime. Versão negada pelo PM, que alega legítima defesa. Por meio de seu advogado, Yuri também assegura que não tinha bebido.
O Sindicato dos Vigilantes do DF fez um protesto durante o velório. O diretor da entidade Moisés Alves ressalta que, nesses eventos, os policiais devem deixar a arma guardada. “Mas raramente isso acontece. Não há fiscalização. Com isso, corre risco tanto quem trabalha quanto quem participa dessas festas”, ressaltou. O deputado Chico Vigilante (PT) também esteve no velório.