Laudo do IML aponta que motorista da Caixa se matou em cela da 13ª DP
O documento definitivo sobre a morte de Luís Cláudio foi encaminhado à Corregedoria da PCDF. Inquérito deve ser concluído nos próximos dias
atualizado
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Resultados dos exames realizados pela Polícia Civil do Distrito Federal e obtidos com exclusividade pelo Metrópoles apontam que a morte do motorista Luís Cláudio Rodrigues, 48 anos, foi causada por asfixia decorrente de enforcamento. O laudo definitivo do Instituto Médico Legal (IML) mostra que o funcionário da Caixa Econômica Federal não sofreu agressões dentro da unidade policial.
O documento foi concluído na noite desta segunda-feira (7/8) e encaminhado à Corregedoria da Polícia Civil, responsável pela investigação. O órgão aguarda apenas os exames complementares realizados pelo Instituto de Criminalística para concluir o inquérito, o que deve ocorrer nos próximos dias.
Um possível quadro de depressão também é analisado pelos investigadores. Os hematomas que aparecem no corpo do motorista teriam sido decorrentes das algemas e de quedas sofridas antes e depois de ele chegar à unidade policial.Outro fator que teria sido levado em consideração é que o policial militar responsável pela primeira abordagem a Luís Claudio, ainda na rua, em Sobradinho, o colocou sentado encostado em um muro “chapiscado”. O atrito do corpo do motorista com a superfície irregular teria causado pequenos ferimentos pelo corpo do homem.
Perito particular
Desde a morte de Luís Cláudio, no dia 14 de julho, familiares dele contestam a tese de suicídio. Divulgaram, inclusive, fotos de ferimentos no corpo dele (veja abaixo). Ao saber do resultado do laudo, o advogado e primo do motorista informou que eles vão contratar um perito particular.
“O nosso objetivo agora é desmentir a Polícia Civil. Queremos, inclusive, acesso às fotos da necrópsia. Temos certeza que o Luís Claudio jamais tiraria a própria vida. Vamos lutar não só para limpar o nome dele, mas para garantir que isso não ocorra com mais ninguém”.
Em depoimento à corregedoria, uma testemunha contou que ficou na unidade das 15h30 às 18h30. Por volta das 18h, ela garante ter visto um escrivão sair de dentro da DP e dizer a seguinte frase para o atendente: “O cara tá ruim! Ajuda aqui, deu merda!”. Em seguida, afirmou, o delegado teria dito, também em voz alta: “Porra, já é a terceira vez que acontece isso aqui. Não dá para entender por quê”.
O caso é acompanhado de perto pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, pela Ordem dos Advogados do Brasil e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, uma vez que havia a suspeita de que o homem teria sido assassinado por policiais.
Relembre o caso
Luís Cláudio morreu dentro da carceragem da 13ª DP, após ser detido por dirigir sob efeito de álcool. O carro que ele conduzia envolveu-se em acidente com o de um policial militar, por volta das 15h de 14 julho. Depois que o delegado plantonista da unidade arbitrou o pagamento da fiança para a família, um dos agentes da corporação foi até a cela e encontrou o motorista da Caixa sem vida.
De acordo com a Polícia Civil, o teste de bafômetro de Luís Cláudio apontou 1,35 miligrama de álcool por litro de ar expelido. Segundo o diretor-geral do Departamento de Trânsito (Detran), Silvain Fonseca, no DF há casos em que condutores foram flagrados com até 1,75 miligrama.
“São números que representam uma grande ingestão de álcool. Dependendo do biotipo do condutor, levando em consideração a massa muscular e o funcionamento do metabolismo, o efeito físico pode ser significativo”, ponderou.