Família, amigos e colegas se despedem de PM morto em capotamento de viatura. Rollemberg é hostilizado. Veja vídeos
Cerca de 2 mil pessoas, entre policiais militares, civis e bombeiros, prestaram homenagem ao cabo Renato Fernandes da Silva. Governador participou da cerimônia e ajudou a carregar o caixão do carro funerário à capela do velório. Mas foi alvo de protesto ao deixar o local
atualizado
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Policiais civis e militares fizeram uma carreata para acompanhar a chegada do corpo do cabo da Polícia Militar Renato Fernandes da Silva, 37 anos, ao Cemitério de Taguatinga. O enterro ocorreu às 16h50 deste sábado (6/2), sob aplausos, honras militares e forte comoção das cerca de 2 mil pessoas presentes. Helicópteros jogaram pétalas de flores no momento do sepultamento.
Antes, durante todo o cortejo nas ruas, moradores de Taguatinga pararam para aplaudir o policial. O militar era casado e deixou um filho. A família morava em Ceilândia, na casa da mãe de Renato. O servidor trabalhou por 13 anos na corporação.
Atualmente, ele estava lotado no 2º BPM, em Taguatinga, onde fazia parte do Grupo Tático Operacional (Gtop) da região. Um irmão do policial, que mora no Piauí, veio às pressas para a capital após receber a notícia da fatalidade.
O cabo Renato era considerado um servidor exemplar e colecionava 87 referências de elogios em sua ficha funcional.
Durante o velório, muitos policiais civis abraçaram os colegas militares, entre PMs e bombeiros. No local, o clima era de consternação e solidariedade. “Perdemos um guerreiro que lutava para manter a lei. Deu sua vida pela segurança pública. O Renato merece todas as homenagens”, disse o soldado Claudio Rocha.
O governador Rodrigo Rollemberg ajudou a carregar o caixão do carro fúnebre para a capela. Depois, o socialista foi hostilizado antes de deixar o cemitério, por volta das 16h10.
O policial morreu em um acidente de trânsito na tarde de sexta-feira (5/2) — ele estava em serviço com mais três colegas de corporação, em perseguição a um veículo roubado, quando a viatura capotou na BR 070, próximo a Águas Lindas (GO). Chovia muito no momento.
Comoção
Na noite de sexta (5), Rollemberg publicou nota de pesar. “Lamento profundamente a morte do policial Renato Fernandes e me solidarizo com a família, com os amigos e com toda a corporação da Polícia Militar. É uma perda irreparável. Temos que reconhecer e valorizar a bravura, a coragem e a dedicação dos policiais militares, que arriscam a vida para proteger a população.”
O Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF) também se manifestou por meio de nota. “Não bastasse o risco diário que corremos ao enfrentar o crime 24 horas por dia, em defesa da população, ainda temos que nos preocupar com equipamentos obsoletos, armamento defeituoso, viaturas sem manutenção adequada, coletes e munições com prazos de validade vencidos, falta de efetivo e sobrecarga de trabalho. Não podemos permitir que o sucateamento da segurança pública traga como consequência mais perda de vidas. Quando morre um policial, a sociedade perde mais um herói, mais um guardião. Para nosso conforto, os céus recebem mais um anjo”.
Nas redes sociais, mulheres de policiais e colegas de trabalho de Renato manifestaram dor e revolta com a perda.
Manutenção
Denúncias relacionadas à instabilidade e más condições das viaturas da Polícia Militar são recorrentes entre os militares que trabalham diariamente nas ruas do Distrito Federal. As reclamações vão desde conservação dos pneus até a falta de viaturas para fazer o serviço de ronda, uma vez que parte dos veículos está encostada.
A PMDF esclareceu ainda que as viaturas só saem para o serviço policial militar após avaliação dos motoristas de cada equipe, que verificam se os veículos têm condições de uso ou não. Desde 20 de janeiro, a corporação diz que está em negociação com a Polícia de Michigan, nos Estados Unidos, para a realização de testes com viaturas. “Com isso, pretendemos que sejam feitos carros próprios para o serviço de polícia, o que nunca houve no Brasil”.
Em 22 de janeiro, o comandante-geral da Polícia Militar, o coronel Marco Antônio Nunes divulgou um vídeo prometendo uma gestão transparente e apontando problemas “não resolvidos” que, segundo ele, foram herdados.
Entre eles citou a questão da falta de manutenção das viaturas e a necessidade de comprar novos coletes para a proteção dos policiais. Ao convocar os militares para atuar em prol da segurança dos brasilienses, o comandante admitiu haver desafios que precisam ser vencidos, mas deixou claro que “isso foi recebido assim”.