Veterinário não consegue vaga em UTI mesmo com decisão judicial
Marcelo Morais precisa ser internado, com urgência, em uma UTI com suporte dialítico – equipamento necessário para a hemodiálise. Ele está em coma induzido e a mulher, cadeirante com um filho de 2 meses, luta para conseguir o leito para o marido
atualizado
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Com o caos atual da saúde pública no DF, pacientes que precisam de um leito na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) são obrigados a entrar em uma corrida contra o tempo para conseguir o atendimento necessário. É o caso do veterinário Marcelo Morais, 33 anos. Na última terça-feira (2/7), ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Recanto das Emas. Após ter uma parada cardiorrespiratória, o estado de saúde de Morais piorou.
Os médicos tiveram que colocá-lo em coma induzido e informaram à família que ele precisava ser internado, com urgência, em uma UTI com suporte dialítico – equipamento necessário para a hemodiálise.
O prontuário dos profissionais não foi suficiente para que o paciente conseguisse uma vaga na UTI. A esposa do veterinário, Cibele Morais, 32, teve que recorrer à Justiça por um mandado de segurança. “Não consigo dormir. Sou cadeirante e tivemos um filho há dois meses. Toda essa batalha tem sido desgastante”, desabafou.
Mesmo com o documento em mãos há mais de 24 horas, ela luta para dar ao marido um direito que lhe foi garantido pela lei. “O médico disse que, se ele não for transferido em três dias, vai morrer. O quadro do Marcelo é gravíssimo”, lamentou Cibele.Na decisão emitida pelo Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), a juíza responsável pelo caso determinou que o paciente “seja internado em UTI de hospital público ou particular com suporte que atenda as suas necessidades”.
Secretaria de Saúde
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que Marcelo está internado na Sala Vermelha da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Recanto das Emas, foi inserido no Sistema de Regulação e aguarda liberação de leito em UTI com suporte dialítico.
A Secretaria de Saúde disse que a ocupação dos leitos é controlada pelo Sistema de Regulação, que leva em conta critérios clínicos e o suporte específico (dialítico, cardiológico, neurológico….) exigido para cada caso. O encaminhamento para o leito obedece a classificação de risco, priorizando sempre os casos mais graves.
A pasta destacou que a rede pública de saúde do Distrito Federal conta com 410 leitos de UTI, sendo 361 próprios e outros 49 na rede contratada e conveniada. De acordo com a gravidade do caso e o suporte necessário, o paciente é encaminhado ao primeiro leito disponível nos hospitais da rede e nos leitos contratados em hospitais privados.
Segundo a secretaria, a fila de espera por leito muda a todo instante. Na última quinta-feira (4/8), 117 pacientes regulados aguardavam vaga em leitos de UTI.