Hospital de Base do DF está sem marcapasso e pacientes sofrem à espera de cirurgia
Sindicato dos Médicos do Distrito Federal enviará denúncia ao Ministério Público. De acordo com a entidade, na terça-feira (16), uma pessoa morreu devido à falta do equipamento
atualizado
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Aparelho que pode salvar a vida de um paciente em uma parada cardiorrespiratória, o marcapasso está em falta no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) desde o fim do ano passado. Os pacientes que dão entrada na unidade precisam enfrentar uma longa espera para, enfim, serem submetidos à cirurgia de colocação do equipamento. A situação alarmante virou alvo de denúncia do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF). O órgão deve entregar, nesta quinta-feira (18/2), uma notificação ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
O presidente do SindMédico, Gutemberg Fialho relatou ao Metrópoles que, na terça-feira (16), um paciente morreu por falta do marcapasso. “Na falta do equipamento, os médicos que estavam no HBDF precisaram tirar o aparelho de uma outra pessoa que também estava internada, colocando a vida dela em risco. Mesmo assim, não foi possível salvar a vida desse cidadão. O médico está em uma situação em que precisa escolher quem terá que salvar.”
Na semana passada, o sindicato já havia enviado denúncia ao MPDFT sobre a falta de equipamentos, como tomógrafos, e de reagentes para exames de enzimas cardíacas no HBDF. “A primeira denúncia foi entregue ao promotor Maurício Miranda. Essa nova notificação será anexada à anterior”, explica Nicolas Bonvakiades, assessor de comunicação do SindMédico.
De acordo com Fialho, o número de aparelhos de marcapasso provisório é limitado, e muitos pacientes permanecem internados por semanas — em alguns casos até mesmo meses — à espera do implante definitivo. Segundo o dirigente, pelo menos 20 pessoas estão internadas à espera do procedimento.
Desde janeiro
A autônoma Jéssica Alves Santos Lobo, 24 anos, conta que a mãe espera pelo equipamento no HBDF desde 29 de janeiro. A mãe dela tem 41 anos, é portadora da doença de chagas e tem arritmia cardíaca. “Os médicos falam que os equipamentos vão chegar na próxima semana. Só que a próxima semana nunca chega”, lamenta.
O hospital não tinha os remédios para dar para a minha mãe. Não tinha nem um simples Luftal ou Buscopan.
Jéssica
A monitora escolar Eden Lúcia de Fátima, 43 anos, disse à reportagem que, nesta quarta-feira (17), completaram 22 dias desde que o tio dela, de 87 anos, espera pela cirurgia de implante no HBDF. “A única justificativa dada pelo hospital é que não há material e por isso o procedimento não pode ser feito.”
Em nota publicada no site do grupo, o SindMédico diz que o aumento do número de casos de pacientes com infecção hospitalar, complicações neurológicas e internações prolongadas tem deixado a equipe da cardiologia do hospital em uma situação complicada diante das famílias.
O que diz o governo
A Secretaria de Saúde explicou que comprou cerca de 200 aparelhos de marcapasso, que já chegaram ao Distrito Federal e estão aguardando a liberação da Receita Federal. A pasta informou ainda que a empresa fornecedora de enzimas cardíacas retirou a nota de empenho na segunda-feira (15/2). Por este motivo, o GDF prevê que o estoque do insumo seja reabastecido até o fim da próxima semana.
A direção do HBDF esclareceu que a unidade hospitalar conta com seis marcapassos provisórios. Eles são utilizados de acordo com a demanda e a necessidade de cada paciente para auxiliar na estabilidade do quadro clínico, até que o implante definitivo seja realizado.