Em Santa Maria, doentes passam 24 horas na fila para marcar consulta
Indignação foi registrada em imagens pelos próprios pacientes à espera de atendimento. Moradora diz que vai mandar o material para o “Bonitão”, numa referência ao secretário de Saúde, Humberto Fonseca
atualizado
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O acesso à rede pública de saúde está cada vez mais difícil no Distrito Federal. Não bastasse enfrentar filas para conseguir vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), remédios de alta complexidade ou uma cirurgia, os brasilienses estão tendo que dormir na porta dos hospitais para uma simples marcação de consulta. Em Santa Maria, pacientes chegaram com 24 horas de antecedência para garantir atendimento nesta terça-feira (27/9) e nem todos conseguiram.
Centenas de pessoas tiveram que aguardar por horas. Entre elas estava o pintor José Alves da Silva, 35 anos. Apesar de chegar cedo, ele não conseguiu uma senha e foi embora. “Cai da escada durante um trabalho e desde então tenho muitas dores. Vim marcar uma consulta na ortopedia. Mas é desumano ficar aqui horas, machucado, e não conseguir. Tô perdendo serviço e, sem ele, não tenho como comprar comida para a minha família”, desabafou.
A indignação foi registrada em imagens pelos próprios pacientes à espera de atendimento. No vídeo abaixo, uma mulher grava e diz que vai mandar o material para o “Bonitão”, numa referência ao secretário de Saúde, Humberto Fonseca.
Confira:
Segundo a Secretaria de Saúde, a marcação de consultas na unidade é mensal. “Hoje foram marcadas aproximadamente 350 consultas. 90 senhas foram para exames radiológicos. As especialidades com maior demanda são ortopedia, geriatria e endocrinologia”, informou em nota.
Ainda de acordo com a pasta, o sistema de marcação será reformulado. “Já foi criada uma comissão para encontrar soluções viáveis, como a marcação via atenção primária (centros de saúde) ou por um sistema onde o agendamento será por telefone e também poderá se ter um acompanhamento da necessidade de consultas, desde o seu registro até a avaliação pós-atendimento”, informou.
Para que isso ocorra, entretanto, a secretaria terá que pagar uma dívida milionária com empresas de telefonia, já que há cerca de quatro meses, os telefones fixos da pasta estão cortados por falta de pagamento.