CRM pede que pacientes graves não sejam levados para UPA de Ceilândia
Entidade que representa os médicos do DF pede que a Secretaria de Saúde melhore as condições dos profissionais na unidade de Ceilândia
atualizado
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O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) propôs um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) à Secretaria de Saúde do DF solicitando que pacientes em estado grave não sejam encaminhados à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ceilândia. A medida seria reflexo da falta de médicos e da superlotação no centro. Se a pasta não atender ao pedido, o conselho ameaça uma interdição.
O documento elaborado pelo CRM foi entregue à secretaria nesta quinta-feira (6/7). A medida visaria desafogar a UPA, “que se encontra com número de pacientes acima da sua capacidade de atendimento”. Ainda de acordo com o conselho, foi proposto que os pacientes que necessitem de avaliações ou cuidados mais complexos sejam internados em hospitais.
O conselho tomou a decisão depois de constatar as irregularidades na unidade em maio deste ano. A entidade reclama que os problemas não foram sanados até hoje.
Caso o TAC não seja acatado pelos gestores da secretaria, a interdição ética poderá impedir toda a assistência médica prestada na UPA de Ceilândia. Também haverá imediata interdição ética se o TAC for aceito sem cumprimento dos termos
Trecho de nota do Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF)
Segundo o CRM, somente em 2016, 19 médicos deixaram de atender na UPA de Ceilândia por motivos como aposentadoria, demissão ou transferência. Por conta disso, o quadro de clínicos na unidade ficou restrito a apenas 17 profissionais. Segundo a entidade, a situação dificulta o atendimento e torna impossível a organização de plantões.
Outro lado
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que “o excesso de ausências, por motivo de saúde ou outras razões, dificulta o fechamento das escalas de atendimento. A pasta conversará com o CRM para que, em conjunto, se encontre uma solução”. Ainda segundo a secretaria, na manhã desta quinta (6), apenas um médico fez os atendimentos, dois trabalharam durante a tarde e outros três estavam escalados para o plantão noturno.
Rollemberg versus sindicatos
A crise na UPA de Ceilândia ocorre três semanas após o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) subir o tom contra sindicatos ligados à área de saúde. Durante evento na cidade, o socialista esbravejou e culpou as entidades pela falta de médicos nos hospitais. Disse também que eles atuam contra a população e estão “nadando em dinheiro”.
Se está faltando médico nos hospitais, veja quanto ganha o presidente do Sindicato dos Médicos [Gutemberg Fialho], sem trabalhar. Veja quanto é o salário dele. Na rede privada ele trabalha, mas na rede pública ele não trabalha. São essas pessoas que estão impedindo o governo de melhorar a saúde
Rodrigo Rollemberg
Em resposta ao governador, Fialho disse que Rollemberg estava “desequilibrado” e deveria “buscar tratamento”.
Em fevereiro deste ano, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) divulgou o resultado de um levantamento feito em conjunto com seis conselhos profissionais de saúde em hospitais da capital federal. Veja o resultado: