Tiro, porrada e bomba. Professores são detidos em protesto e reclamam de agressão de PMs
Sete manifestantes que participaram de ato no Eixão Sul foram encaminhados à 1ª DP e liberados às 20h30. Bope usou spray de pimenta e gás lacrimogêneo para dispersar multidão. Houve feridos por balas de borracha
atualizado
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Professores que participaram do protesto que interditou o Eixão em três trechos na tarde desta quarta-feira (28/10) acusam a polícia de truculência na ação para desobstruir as vias na altura da 116 Sul, na 215 Norte e na Ponte do Bragueto.
Sete manifestantes foram levados para a 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). Alguns chegaram a ser algemados e outros alegam que foram feridos por balas de borracha. Todos deixaram a DP às 20h30.
Segundo eles, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) usou gás de pimenta para dispersar os cerca de 300 professores que estavam no Eixão Sul. No local, os manifestantes usaram um ônibus para bloquear parte das faixas da avenida.
Alexandre Gonzaga, 41 anos, marido de uma professora, diz que foi agredido: “Dois policiais me enforcaram”, afirmou, ao mostrar um ferimento que teria sido feito por disparo de bala de borracha.
Outro manifestante que se machucou foi o professor Ilson Veloso, 47 anos. “O Choque já chegou atirando balas de borracha”, contou, mostrando a marca do projétil na perna esquerda.
O capitão Thales Pereira, do 1° Batalhão (Asa Sul), minimizou a ação. “Eles obstruíram a via e a PM foi chamada. Só isso”, resumiu, sem entrar no mérito da confusão e dos tiros de balas de borracha.
Ameaças
Diretor do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), Washington Dourado afirmou que a entidade “vai atrás” do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). “Nós vamos responsabilizá-lo em todas as instâncias judiciais, legislativas, nacionais e internacionais pelo que ocorreu hoje”, disse. “Por pouco não houve uma tragédia, com um professor assassinado, porque tinha policial os ameaçando com munição convencional.”
Ainda segundo o diretor, o sindicato apura a quantidade de feridos no protesto. “Vários estão no hospital. Ainda estamos tentando identificar quantos”, informou Dourado, qualificando a ação policial como “chocante”.
Distritais
Os deputados distritais Reginaldo Veras (PDT) e Ricardo Vale (PT) foram à delegacia para acompanhar o caso. “Vamos questionar o governo sobre essa ação truculenta. Isso só agrava a relação com a Câmara”, disse Veras.
Nota do GDF
Por meio de nota, o GDF diz “lamentar que alguns poucos professores, sob o comando do sindicato, tenham radicalizado o movimento grevista com o fechamento de vias públicas e interrupção do tráfego”. Segundo o governo local, “além de prejudicar os alunos das escolas públicas e seus pais, esses professores em greve causaram transtornos a milhares de pessoas que transitavam pelas vias de Brasília”.
Sem mencionar as prisões ou as agressões, o texto diz apenas que “a Polícia Militar agirá sempre dentro da lei e de suas atribuições para impedir o fechamento de vias públicas”.