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Polícia faz operação contra envolvidos em grampos sobre propina no GDF

Agentes da Decap cumpriram mandados de busca e apreensão em secretarias do GDF, na Vice-Governadoria e em residências de servidores comissionados para colher provas no caso de denúncia feita pela sindicalista Marli Rodrigues de pagamento de “comissão” para evitar descredenciamento do SindSaúde

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1 de 1 decap, operação, polícia civil, Buscas no buriti - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap) cumpriu, nesta quarta-feira (17/8), oito mandados de busca e apreensão em secretarias instaladas no Palácio do Buriti, na Secretaria de Planejamento do DF e em residências de servidores comissionados para colher provas sobre as denúncias de um suposto esquema de pagamento de propina no Governo do DF. A operação, em parceria com o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), tem como alvo as pessoas envolvidas nos grampos feitos pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues.

Após buscas pela manhã, policiais da Decap e integrantes do MPDFT voltaram ao Buriti, na noite desta quarta (17), para novas buscas e apreensões. Desta vez, na Vice-Governadoria. Segundo um agente da Decap, na ação do início do dia, os policiais civis chegaram a ir à Vice-Governadoria para buscar computadores, mas faltou o PC da Ouvidora, onde trabalhava o agora ex-ouvidor Valdeci Rodrigues, amigo do vice-governador Renato Santana.

Um perito acompanhou a busca e apreensão e retirou do computador apenas o discorígido, que foi levado à Decap para perícia. Para a ação, foi expedida outra ordem judicial de busca e apreensão, além da que tinha sido dada pela manhã.

O objetivo da operação foi apreender documentos, computadores e outros elementos de prova — como e-mails — de extorsão por parte de servidores públicos. A operação é fruto das denúncias apresentadas por Marli Rodrigues, que relatou um esquema de cobrança de propina por parte de servidores para liberar contribuições sindicais.

Estão na mira da Decap o ex-ouvidor da vice-governadoria do DF Valdecir Medeiros; o ex-técnico em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) Edvaldo Simplício da Silva; e o ex-gerente de Cessões, Requisições e Ressarcimentos da Seplag Christian Michael Popov.

Edvaldo aparece nas gravações como suposto intermediador entre a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) e o SindSaúde, na tentativa de evitar que o sindicato, por falta de certidões que deveriam ser apresentadas ao governo, perdesse recursos descontados no contracheque de servidores filiados à entidade. Ele foi apresentado a Marli Rodrigues por Valdecir Marques Medeiros, amigo pessoal do vice-governador Renato Santana. Marques, que era funcionário do SindSaúde cedido à Vice-Governadoria como ouvidor, foi exonerado no dia 25 de julho.

Segundo as denúncias, o servidor Edvaldo receberia pagamentos por uma “consultoria”, enquanto o processo seria “paralisado” dentro da secretaria até que as certidões fossem todas entregues. O caso foi denunciado pela sindicalista à Casa Civil no fim do ano passado e entregue para investigação da Decap.

Michael Melo/Metrópoles
Além de agentes e delegados da Polícia Civil, participam da operação promotores de Defesa do Sistema Único de Saúde (ProSus) e de Defesa do Patrimônio Público (Prodep)

 

Descredenciamento
Em novembro do ano passado, Marli teria gravado um encontro realizado entre ela, Edvaldo e Valdecir, após o SindSaúde receber uma carta convocatória assinada por Christian Michael Popov. O documento exigia novas certidões em um prazo de 30 dias para que a entidade não perdesse o repasse das consignações descontadas em folha de pagamento dos servidores.

Porém, o sindicato tinha pendências em função de dívidas trabalhistas e queria ajuda para regularizar a situação e não ser descredenciado. Segundo as investigações, Valdecir entrou em contato com Edvaldo, que teria proposto uma “consultoria” ao custo de R$ 214 mil. Em troca, os servidores tentariam segurar o processo na Seplag para que o sindicato não fosse descredenciado. Diante da oferta dos servidores, Marli fez a denúncia à Casa Civil.

Processo administrativo
Em nota, a Seplag informou que em junho deste ano entregou à Decap o ofício encaminhando denúncia sobre suposto esquema de pagamento de propina que estaria ocorrendo na secretaria. “Trata-se, portanto, de investigação de iniciativa do próprio governo de Brasília, uma vez que o encaminhamento da denúncia aos órgãos especializados antecede os áudios noticiados pela imprensa, o que ocorreu a partir da segunda quinzena de julho”, diz o texto.

Esclarece, ainda, que os dois servidores são efetivos da Seplag, mas que não ocupam mais cargo de chefia nem função de confiança. “Processos administrativos internos também foram abertos para apurar os fatos”, explica a pasta. A nota destaca ainda que a secretaria “atuará firmemente em casos assemelhados, apoiando incondicionalmente a ação de órgãos de combate à corrupção e crimes contra a administração pública”.

 

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Caio Barbieri chega à Câmara Legislativa para depor nesta quarta

 

CPI da Saúde
A operação foi deflagrada no mesmo dia em que a CPI da Saúde ouve, na Câmara Legislativa, o ex-assessor do GDF Caio Barbieri. Foi ele quem primeiro comunicou à Casa Civil sobre a suposta extorsão de integrantes do governo local ao SindSaúde. Antes de assumir a assessoria de imprensa do Turismo, Caio Barbieri, que é jornalista, trabalhava na Casa Civil. Ele também atuou como assessor do SindSaúde. Por isso, a relação muito próxima com Marli Rodrigues. Após a divulgação das gravações, ele também foi exonerado.

Barbieri contou que, em novembro de 2015, foi procurado por Marli e, a partir desse contato, fez a intermediação dela com o chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, na época seu superior imediato. Foi Barbieri também quem ajudou Marli a conduzir o assunto até o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) desde janeiro deste ano.

Outras gravações
O caso dos grampos, entretanto, extrapola as relações do sindicato com servidores do GDF. Em áudios divulgados em 15 de julho, Marli e o vice-governador Renato Santana falam em um esquema de propinas em contratos da Secretaria de Saúde que giraria em torno de 10% e 30%. A gravação teria sido realizada na casa de Valdecir, em Águas Claras. Tanto Edvaldo quanto Valdeci foram exonerados pelo governador Rodrigo Rollemberg.

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