Julio Cesar temia perder cargo da filha do presidente regional do PRB
Em e-mail trocado com presidente nacional da sigla e ministro de Temer, distrital diz que afastamento de secretaria prejudicaria acordo
atualizado
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O pedido de afastamento dos membros da Mesa Diretora da Câmara Legislativa, em agosto deste ano, motivou a troca de e-mails entre o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira – atual ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do governo Michel Temer (PMDB) –, e o distrital Julio Cesar (PRB), um dos investigados da Operação Drácon. Nas mensagens, o deputado afirma que, caso ficasse longe do comando da Casa, ele teria dificuldades de manter compromissos, como o cargo da filha do presidente regional do partido, Vanderlei Tavares.
Jéssica Barreto Tavares é nomeada na Segunda Secretaria da Câmara desde o início de 2015, quando Julio Cesar assumiu como deputado. Ela é contratada com um CL-14, com salário de R$ 13.740,38. Atualmente, está de licença-maternidade.Vanderlei Tavares disse ao Metrópoles que não tem acompanhado de perto as investigações sobre Julio Cesar, mas que o PRB colocou advogados à disposição do distrital para auxiliar em sua defesa.
A contratação de sua filha Jessica, segundo Vanderlei respondeu por mensagem, foi por ela ter qualificação para o cargo. O presidente regional do PRB disse ainda que, caso ocorra a mudança na Segunda Secretaria, é extremamente normal a possibilidade de desligamento.
A reportagem procurou o deputado Julio Cesar, mas, até a última atualização desta matéria, não obteve retorno. O ministro Marcos Pereira está em Genebra, em agenda oficial. De acordo com sua assessoria, não foi possível contato com ele, devido a problemas do fuso horário.
A troca de e-mail veio a público após a apresentação da denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) contra cinco distritais. Além de Julio Cesar, Raimundo Ribeiro (PPS), Bispo Renato Andrade (PR), a presidente afastada Celina Leão, além de Cristiano Araújo (PSD), foram denunciados por corrupção passiva.
Os cinco são suspeitos de participação em suposto esquema de pagamento de propina na Casa. Durante a deflagração da Drácon, em 23 de agosto, Julio, Raimundo, Celina e Bispo Renato chegaram a ser afastados da Mesa Diretora. Mas a Justiça determinou que apenas a distrital fique longe do comando da Câmara.