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Secretária diz: “Se for o caso”, pagará voo do filho em helicóptero

Márcia de Alencar afirmou que, se for necessário, indenizará os cofres públicos por ter levado o filho para passear em helicóptero do Detran. Declaração foi feita na Câmara Legislativa, onde a titular da pasta de Segurança presta esclarecimento sobre denúncias contra ela

atualizado

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1 de 1 secretrria-cldf - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A secretária da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal, Márcia de Alencar, afirmou que, “se for o caso”, poderá indenizar os cofres públicos pelo passeio que o próprio filho fez em um helicóptero do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), em 17 de abril, o domingo no qual a Câmara dos Deputados votou a favor da continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

As declarações foram dadas na tarde desta segunda-feira (9/5), na Câmara Legislativa, onde Márcia presta esclarecimentos aos deputados distritais a respeito das denúncias publicadas pelo Metrópoles. A audiência ocorre na Comissão de Segurança da Casa, onde uma claque a favor da secretária foi liberada do expediente para apoiá-la no parlamento.

Se ela realmente precisar pagar pela hora de voo, a chefe da pasta terá que desembolsar uma quantia razoável. A título de comparação, o aluguel de um helicóptero de cinco assentos do modelo Esquilo B-2, semelhante ao usado pelo Detran, custa R$ 4,2 mil, segundo a empresa Líder Táxi Aéreo.

A versão apresentada por Márcia de Alencar sobre o sobrevoo que fez com um helicóptero do Detran acompanhada do filho desviou a culpa para o piloto. Segundo ela, no dia 17 de abril, fez três voos sobre a Esplanada dos Ministérios. Primeiro, com o Comitê de Pacificação, para fazer a contagem de estimativa de público da Esplanada. O serviço, disse, “era importante para a estratégia de segurança traçada às véspera da votação do impeachment na Câmara dos Deputados”.

Quando ela se dirigia para o último voo, em que verificaria se a saída do público estava de acordo com o estabelecido pela operação, encontrou o filho dentro do helicóptero. “Determinei que ele fosse imediatamente posto para fora”, afirma. No entanto, Márcia contou que recebeu a informação de uma assessora de que o garoto havia sido convidado pelo piloto para embarcar na aeronave.

“Tinha um voo que não tinha acontecido ainda. Eu me sentei com meu filho e disse o que estava acontecendo. Ele disse que queria ver a manifestação. O piloto, de algum modo, envolveu meu filho naquele momento. E é ele quem define ou não a operação. Eu entendi que ele podia me acompanhar, porque o piloto tinha autorizado. E eu fui ao voo para repactuar com o comitê de pacificação. Como estava caracterizada a admissibilidade do impeachment, eu precisava entender se o movimento de fluxo estava aumentando ou diminuindo em relação aos dois grupos”, explicou ela.

Outros casos
As explicações de Márcia foram em resposta aos questionamentos dos parlamentares. O deputado Wellington Luiz (PMDB) foi o primeiro a se pronunciar na sessão. “Gostaria que a senhora explicasse as denúncias sobre os fatos que vêm se divulgando na mídia, como a contratação de uma ex-empregada em seu gabinete, o uso de segurança e carro oficial para sua família e, mais recentemente, o voo em helicóptero do Detran com seu filho durante votação do impeachment, em 17 de abril.”

A mesa da sessão é composta também pelo líder do governo, deputado Júlio César (PRB), e por Robério Negreiros (PSDB), que assumiu a presidência da comissão neste momento. Márcia, que tomou posse em 6 de janeiro, começou sua defesa fazendo uma retrospectiva do trabalho  na pasta. Em relação ao uso de seguranças no transporte dos familiares, ela justificou: “Fui obrigada a aceitar em função da segurança institucional.”

Versões contraditórias
De acordo com a secretária, a escolta que ela e a família vêm recebendo se deve ao fato de ela ter sofrido ameaças. No entanto, ela não explicou de onde estariam vindo essas ameaças. A versão contradiz as explicações iniciais do próprio GDF quando foi revelado que os filhos dela contavam com transporte escolar feito por viaturas e servidores da secretaria que ela comanda.

Em 27 de abril, o Palácio do Buriti ressaltou que a medida foi tomada de forma preventiva, já que não houve qualquer ameaça a Márcia de Alencar e a seus familiares desde que ela assumiu o cargo. “A gente tem que primar pela prevenção”, justificou o chefe da Casa Militar, coronel Cláudio Ribas.

Denúncias
Desde que teve o nome anunciado para comandar o órgão, a secretária sofre resistência de integrantes das forças de segurança do DF. No entanto, o desgaste foi potencializado após a série de denúncias publicadas pelo Metrópoles.

Em 27 de abril, a reportagem flagrou parentes de Márcia sendo levados e buscados da escola em viaturas descaracterizadas. Os familiares têm à disposição veículos e servidores para fazer o transporte escolar. No mesmo dia, o Metrópoles revelou que a ex-empregada da secretária foi nomeada para o cargo de assessora no gabinete de Márcia. Os dois episódios motivaram o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) a abrir uma ação cível pública para apurar a conduta da secretária.

Em 6 de maio, nova denúncia publicada pelo Metrópoles: em 17 de abril, durante a votação do processo de impeachment no plenário da Câmara dos Deputados, Márcia levou o próprio filho para passear no helicóptero do Detran-DF durante voo sobre a Esplanada dos Ministérios.  Após a nova denúncia, a Controladoria-Geral do Distrito Federal decidiu investigar se houve irregularidade durante a atual gestão da pasta.

 

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