Crise dos grampos. Presidente do SindSaúde é convocada a depor
Vice também vai ter que se explicar. Câmara Legislativa se reúne em caráter extraordinário e CPI da Saúde volta a trabalhar em pleno recesso para investigar denúncias de cobrança de propina em contratos da área. Governador diz estar “decepcionado” com as conversas
atualizado
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A presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues, foi convocada a depor na Câmara Legislativa nesta terça-feira (19/7). A decisão foi tomada nesta segunda (18), quando os distritais suspenderam o recesso para discutir as gravações que vieram à tona com denúncias de um suposto esquema de pagamento de propina na área da saúde do DF, envolvendo também a Secretaria de Fazenda. O vice-governador Renato Santana (PSD), que também está nos áudios, será convidado a prestar esclarecimentos na Casa.
Nas gravações, cujos áudios o Metrópoles vem mostrando desde sexta-feira (15), o vice-governador e Marli Rodrigues revelam ter conhecimento sobre um suposto esquema de pagamento de propina envolvendo as secretarias da Saúde e Fazenda. O percentual da corrupção a que a dupla se refere é assustador: giraria entre 10% e 30%.Outra gravação, também feita por Marli, ocorreu em um almoço com o ex-secretário da Saúde Fábio Gondim e o ex-subsecretário de Logística e Infraestrutura Marcos Júnior. Eles se referem a um “meio podre” infiltrado na pasta, com pessoas indicadas por Rollemberg, que seriam diretamente responsáveis por problemas como a falta de medicamentos nas unidades hospitalares do DF e compras acima dos valores necessários para os estoques.
Todas os depoimentos serão tomados pela CPI da Saúde, que desde o primeiro semestre investiga irregularidades na área. Os integrantes da comissão foram reconvocados em caráter extraordinário pela Mesa Diretora nesta segunda. Os outros envolvidos nas denúncias, Marcello Nóbrega e Ricardo Cardoso, serão convocados após a CPI realizar a degravação das conversas. Neste primeiro momento, o convite ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB) não foi discutido.
“As denúncias são muito graves. Por isso, resolvemos reconvocar a Câmara Legislativa para que a CPI da Saúde possa voltar a funcionar”, explicou a presidente do Legislativo local, Celina Leão (PPS). “Para nós não foi surpresa. Temos recebido muitas denúncias e agora teremos apenas um direcionamento melhor nas nossas investigações”, afirmou o distrital Wellington Luiz (PMDB), presidente da CPI.
Decepcionado
Rollemberg, aliás, também falou sobre o assunto nesta segunda. Bastante agitado, com um tom de voz acima do normal, o governador se mostrou “decepcionado” com o teor dos áudios. O chefe do Executivo não poupou críticas ao vice-governador Renato Santana: “Na conversa, ele manifesta claramente uma posição contrária à do governo”, numa referência à intenção do GDF de entregar a gestão de unidades da rede pública de saúde a organizações sociais.
O socialista garante ter tomado todas as medidas necessárias quando teria sido alertado, “informalmente”, por Renato Santana das possíveis irregularidades. “De maneira informal, ele me disse que uma pessoa estaria pedindo vantagens para liberar recursos na Secretaria de Fazenda. Eu peguei o nome dele, Marcelo Radical, chamei o secretário e passei o comunicado. Ele me retornou dizendo que não havia ninguém com esse nome na pasta”, explicou o governador. “Ali dei o fato por encerrado, porque se não havia o servidor, não tinha como ele estar sendo favorecido.”
Rollemberg alegou ainda que não houve prevaricação do governo e que solicitou a Santana que fizesse registros formais sobre qualquer outra denúncia envolvendo o pagamento de propinas. O governador também comentou o áudio em que Marli e Gondim falam sobre um “meio podre” que domina a Secretaria da Saúde. “Quando a presidente do sindicato diz que há corrupção na secretaria, ela tem que dizer onde é. Quem está facilitando e quem está se beneficiando nesse processo”, disparou.
No domingo (17), Rollemberg se reuniu com a cúpula do governo e deputados distritais para tratar do assunto e evitar que o caso fugisse do controle do Palácio do Buriti. O caso também está sendo investigado pela Polícia Civil e pela Corregedoria do DF.