Placa da ponte Honestino Guimarães é pichada novamente
Pela quarta vez, estrutura com o nome do ex-líder estudantil é alvo de vandalismo
atualizado
Compartilhar notícia
Pela quarta vez em oito meses, a placa de acesso à Ponte Honestino Guimarães (sentido L4-Lago Sul) foi alvo de nova polêmica. A homenagem ao ex-presidente da UNE desaparecido durante o regime militar deu lugar a uma pichação com o nome do general que, até agosto do ano passado, constava da sinalização de trânsito: Costa e Silva.
O primeiro incidente envolvendo a placa ocorreu em 3 de outubro do ano passado, quando um grupo se reuniu em frente à ponte em protesto contra a mudança no nome. Os manifestantes levaram faixas, cartazes e chegaram a cobrir a placa da ponte com o nome antigo.
Um mês depois, a placa que identifica a ponte recebeu um adesivo em referência ao seu antigo nome. O último episódio foi registrado em 10 de abril, quando uma mensagem pintada na estrutura pedia a volta do antigo homenageado: “Costa e Silva, o nome é esse”.
Procurado pela reportagem, o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) informou ter conhecimento do ato de vandalismo e garantiu o envio de uma equipe na próxima semana para verificar o estrago e reparar a estrutura.
Mudança
Em agosto do ano passado, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) sancionou lei de autoria do deputado distrital Ricardo Vale (PT) que sugeria o fim da homenagem a Costa e Silva. O projeto passou por diversas comissões e, por fim, acabou aprovado em plenário a mudança que prestigia o ex-líder estudantil Honestino Guimarães.
Conheça os personagens dessa história
Honestino Guimarães
* Nasceu em 28 de março de 1947 na pequena Itabiraí (GO)
* Mudou-se para Brasília com a família em 1960
* Em 1965, antes de completar 18 anos, garantiu a primeira colocação no vestibular da Universidade de Brasília
* De 1966 a 1967, foi preso por quatro vezes devido à atuação no movimento estudantil
* Eleito presidente da UNE em 1971
* Integrou Ação Popular Marxista-Leninista
* Desapareceu no Rio de Janeiro em 10 de outubro de 1973, aos 26 anos. A família não soube o que aconteceu com Honestino. O Estado brasileiro já o declarou morto, mas o corpo nunca foi encontrado
Artur da Costa e Silva
* Nasceu em 3 de outubro de 1889 na cidade gaúcha de Taquari
* Estudou na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Armada e na Escola de Estado-Maior do Exército
* Integrou do movimento tenentista em 1922, quando acabou preso e anistiado. Dez anos depois, participou da Revolução Constitucionalista que aconteceu em São Paulo
* Ao lado de Castello Branco, Costa e Silva foi um dos principais articuladores do golpe de 1964, que depôs o presidente João Goulart
* Nomeado para o ministério da Guerra durante a gestão de Castello Branco
* Foi eleito presidente da República em 3 de outubro de 1966. Editou o AI-5, símbolo do momento mais duro dos anos de chumbo no país.
* Morreu no Rio de Janeiro em 17 de dezembro de 1969, aos 80 anos, de trombose cerebral