metropoles.com

PF mira Novacap após delator falar em “acesso irrestrito” à empresa

Policiais federais cumpriram mandado de busca e apreensão na estatal responsável pelos contratos da obra do Mané Garrincha

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
novacap
1 de 1 novacap - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Responsável por contratar a obra do Estádio Mané Garrincha, a Novacap foi alvo de uma ação da Polícia Federal nesta quinta-feira (1/6). Com autorização da Justiça, a corporação cumpriu um mandado de busca e apreensão na sede da empresa. Em delação, Rodrigo Lopes, ex-executivo da Andrade Gutierrez, disse que a Via Engenharia (parceira da empreiteira na reforma da arena brasiliense) tinha “acesso irrestrito” à Novacap.

De acordo com a PF, a ação desta quinta é um desdobramento das investigações iniciadas a partir da prisão, na semana passada, dos ex-governadores José Roberto Arruda (PR), Agnelo Queiroz (PT), do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB) e mais sete pessoas, entre elas o dono da Via, Fernando Queiroz, e o ex-presidente da Novacap Nilson Martorelli.

Agentes permaneceram por cerca de duas horas na empresa, entre 8h e 10h, nas salas da presidência e das assessorias jurídica, de informática e ambiental.

De acordo com os delatores, a participação da Via nos desvios do Mané Garrincha era tão abrangente que não se restringiu a ajudar na elaboração do edital da obra da arena. Segundo Rodrigo Lopes, a influência da empresa sobre a Novacap foi “determinante” para que o consórcio ganhasse o processo para a reforma do Mané.

Em depoimento prestado ao Ministério Público Federal (MPF) – em 29 de setembro de 2016, no âmbito da Operação Lava Jato –, Lopes disse que a Via Engenharia tinha acesso à comissão de licitação, presidentes e diretores da Novacap, o que possibilitou o direcionamento do processo. “Isso foi feito com a inserção de cláusula que descrevia exatamente a obra executada pela Andrade Gutierrez na reforma do Maracanã, ou seja, reforma de estádio envolvendo um número determinado de assentos”, afirmou Rodrigo Lopes.

5 imagens
Fernando Queiroz, dono da Via Engenharia, é suspeito de fraudar a licitação para a construção do estádio Mané Garrincha em troca de pagamento de propina aos ex-governadores Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda
5ª Turma do STJ acompanhou relator
Tadeu Filippelli (MDB): ex-vice-governador do DF é acusado de receber R$ 1 milhão de propina
1 de 5

Nilson Martorelli, ex-presidente da Novacap, foi alvo da delação de Rodrigo Leite como um dos beneficiados de propina paga durante aditamentos contratuais da reforma do estádio. Operação da PF na casa dele encontrou uma “grande quantidade de dinheiro suspeito” dentro de um cofre. A cifra é de R$ 268.147,54

Reprodução/Internet
2 de 5

Fernando Queiroz, dono da Via Engenharia, é suspeito de fraudar a licitação para a construção do estádio Mané Garrincha em troca de pagamento de propina aos ex-governadores Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda

Divulgação
3 de 5

5ª Turma do STJ acompanhou relator

Internet/Reprodução
4 de 5

Denio Simões/GDF
5 de 5

Tadeu Filippelli (MDB): ex-vice-governador do DF é acusado de receber R$ 1 milhão de propina

GDF/Divulgação

 

Outra cláusula restritiva envolvia o que ele chama de “pele de vidro”, referindo-se à fachada de vidro do estádio e o volume de concreto a ser usado. Itens que garantiriam a entrada do consórcio na licitação. A certeza de vencer o processo também vinha de um acordo com a Odebrecht e a OAS.

Acerto entre empreiteiras
Durante reunião entre Rodrigo Lopes, representando a Andrade Gutierrez, e dois ex-executivos da Odebrecht, o diretor de contratos Ricardo Ferraz e o diretor de mercado João Pacífico, ficou acertada a “cobertura” da Odebrecht no processo.

Pela OAS, a garantia de que o contrato seria da Andrade e da via, foi acertada em reunião com José Lunguinho, diretor comercial da empreiteira; Rodrigo Lopes, Clóvis Primo e Carlos José da Andrade, todos da Andrade, além de Fernando Queiroz, dono da Via Engenharia. Governador do DF à época, José Roberto Arruda acompanhava e dava suporte para todo o processo, de acordo com o delator.

Arruda teria feito uma intervenção a favor da OAS, alegando que a empresa viabilizaria parte dos recursos financeiros para a obra por meio da compra de um terreno localizado no Eixo Monumental, quadra 901. Não deu certo. O consórcio fechou mesmo entre a Via e a Andrade, e a obra do Estádio Mané Garrincha, orçada em cerca de R$ 600 milhões, custou mais de R$ 1,5 bilhão.

O gasto bilionário pode ser acrescido em mais de R$ 12 milhões. Conforme mostrou reportagem do Metrópoles, ainda existem restos a pagar em três contratos da obra do Mané Garrincha. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Novacap informou que está contribuindo com as investigações da Polícia Federal.

Panatenaico
Na delação de Rodrigo Leite, outro ex-executivo da Andrade Gutierrez, o ex-presidente da Novacap Nilson Martorelli aparece como um dos beneficiados de propina paga durante os aditamentos contratuais da reforma do arena. Ele teria recebido R$ 500 mil.

A Via Engenharia tinha papel de protagonista no caso. Segundo Leite, o pixuleco era entregue a Martorelli por Alberto Nolli, funcionário da Via. O dono da empreiteira brasiliense, Fernando Queiroz, também foi preso na Operação Panatenaico, suspeito de fraudar a licitação para a construção do estádio em troca de pagamento de propina aos ex-governadores Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda.

Martorelli, Fernando Queiroz e os demais presos da Panatenaico foram soltos nesta quarta-feira (31/5), depois de decisão do desembargador Federal Néviton Guedes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Veja fotos do dia em que a Operação Panatenaico foi deflagrada

16 imagens
A mulher de Agnelo, Ilza Queiroz, e o advogado dele saem da casa do ex-governador, no Setor de Mansões Dom Bosco
Viaturas da Polícia Federal na casa de Agnelo
Agentes estiveram na casa do ex-vice-governador Tadeu Filippelli
Maruska Lima (à direita) ao lado do ex-governador Agnelo Queiroz
Tadeu Filippelli foi levado pela Polícia Federal de sua casa, na QI 17 do Lago Sul
1 de 16

A operação foi deflagrada em 23 de maio

Rafaela Felicciano/Metrópoles
2 de 16

A mulher de Agnelo, Ilza Queiroz, e o advogado dele saem da casa do ex-governador, no Setor de Mansões Dom Bosco

Michael Melo/Metrópoles
3 de 16

Viaturas da Polícia Federal na casa de Agnelo

Michael Melo/Metrópoles
4 de 16

Agentes estiveram na casa do ex-vice-governador Tadeu Filippelli

João Gabriel Amador/Metrópoles
5 de 16

Maruska Lima (à direita) ao lado do ex-governador Agnelo Queiroz

Agência Brasil
6 de 16

Tadeu Filippelli foi levado pela Polícia Federal de sua casa, na QI 17 do Lago Sul

João Gabriel Amador/ Metrópoles
7 de 16

Tadeu Filippelli chegando à sede da Polícia Federal

Rafaela Felicciano/ Metrópoles
8 de 16

Filippelli e os demais suspeitos ficaram presos durante oito dias

Rafaela Felicciano/ Metrópoles
9 de 16

Fernando Queiroz, dono da Via Engenharia, na chegada à sede da PF em Brasília: ele está entre os 21 indiciados

Rafaela Felicciano/ Metrópoles
10 de 16

A ex-presidente da Terracap Maruska Lima de Souza Holanda (de bolsa vermelha) também foi presa

Rafaela Felicciano/ Metrópoles
11 de 16

Cláudio Monteiro (de azul), ex-secretário da Copa, foi um dos investigados

Rafaela Felicciano/ Metrópoles
12 de 16

Fernando Márcio Queiroz, presidente da Via Engenharia, é um dos envolvidos no esquema de propina ligado à obra do Estádio Mané Garrincha

Rafaela Felicciano/ Metrópoles
13 de 16

O ex-governador Agnelo Queiroz foi o último a chegar à Polícia Federal no dia da prisão

Daniel Ferreira/ Metrópoles
14 de 16

Ex-governador Agnelo Queiroz é acusado de receber propina durante obra do Mané Garrincha

Daniel Ferreira/ Metrópoles
15 de 16

A arena esportiva serviu para desviar recursos públicos para políticos

Rafaela Felicciano/Metrópoles
16 de 16

Estádio Mané Garrincha: corrupção dos alicerces ao acabamento

Daniel Ferreira/Metrópoles

Cartel

Na delação, Rodrigo Lopes disse que existia um cartel de empreiteiras na capital federal ao menos desde 2006. Antes mesmo de ser eleito, Arruda ofereceu um “cardápio” de obras à Andrade Gutierrez e pediu propina de R$ 500 mil. Além disso, ainda acertou pagamento de 5% sobre o recebimento dos respectivos futuros contratos, das obras citadas, que foram licitadas.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?