metropoles.com

Justiça suspende votação do projeto que muda previdência do servidor

Decisão é do desembargador Waldir Leôncio Júnior, que atendeu mandado de segurança impetrado pelos distritais Wasny de Roure e Ricardo Vale

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Raiane Wentz/Metrópoles
Câmara lado de fora 5
1 de 1 Câmara lado de fora 5 - Foto: Raiane Wentz/Metrópoles

A sessão da Câmara Legislativa que iria votar, na tarde desta terça-feira (5/9), a proposta que muda a previdência dos servidores públicos locais foi suspensa. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) acatou mandado de segurança impetrado pelos deputados Wasny de Roure e Ricardo Vale (ambos do PT) e cancelou a análise do Projeto de Lei Complementar (PLC) nº122, de autoria do Executivo.

A decisão liminar é do desembargador Waldir Leôncio Júnior, do Conselho Especial do TJDFT. O magistrado entendeu que há “perigo de dano irreparável” caso o PLC seja votado, “uma vez que houve manifesta transgressão às normas que disciplinam o processo legislativo”. Segundo a liminar, não foram cumpridos os prazos que garantem ao parlamentar a apresentação de emendas ao projeto.

No mandado, os deputados questionaram a rapidez com que a proposta tramitou na CLDF, uma vez que foi votada e aprovada nas comissões em “nada menos que quatro dias úteis após a data do seu protocolo na Casa Legislativa”. Se for descumprida a ordem, a Câmara terá de pagar multa diária de R$ 100 mil.

Na liminar, o juiz destacou que “o exercício do poder de emenda conferido aos membros da CLDF qualifica-se como prerrogativa inerente à função legislativa do Estado, a qual deve primar pelo processo democrático e pela observância do pluralismo político”. A Câmara informou que ainda não foi notificada da decisão.

O presidente da Casa, Joe Valle (PDT), subiu o tom para comentar a liminar. “A intromissão do Judiciário nesta Casa é inaceitável. Se deputados não tiverem essa consciência, é melhor acabar com o Legislativo”, disparou.

O vice-presidente da Câmara, Wellington Luiz (PMDB), também lamentou. “Quando essa liminar cair, o projeto volta a ser analisado. A decisão judicial não nos favorece”, disse. Para Wasny de Roure, é preciso mais tempo para colocar a matéria em votação. “São quase 150 mil servidores envolvidos no processo. Com menos de 30 dias, é impossível ter uma razoável compreensão do tema”, ressaltou o petista.

A decisão é um duro golpe para o governo, que se esforçou para votar o projeto nesta terça (5). Por volta das 15h30, a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos, e o interino da Fazenda, Wilson José de Paula, chegaram à Casa, e não comentaram a liminar.

O que prevê a proposta
A proposta do Executivo prevê a junção do Fundo Financeiro (FF) com o Fundo Capitalizado (FC). Hoje, o FF mantém os aposentados que entraram nos quadros do governo até 31 de dezembro de 2006. Com 58 mil beneficiários e 52 mil servidores da ativa contribuintes, a reserva fechou 2016 com um rombo de R$ 2,1 bilhões.

Já o FC tem 34 mil funcionários da ativa contribuintes, que custeiam a aposentadoria de apenas 152 pessoas. Todos eles ingressaram no serviço público após 31 de dezembro de 2006. Nesse caso, o superávit é de R$ 4 bilhões.

Decisão do juiz que suspendeu votação do PLC da Previdência by Metropoles on Scribd

Além da fusão desses fundos, o projeto do GDF cria uma previdência complementar para novos servidores públicos. Se aprovado, o PLC n°122 limitará a aposentadoria ao teto do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), hoje de R$ 5,5 mil. Quem quiser ganhar acima desse valor quando se aposentar terá que contribuir com uma aposentadoria complementar.

 

6 imagens
Polícia cerca a Casa
Movimentação do lado de fora da Câmara
Movimentação do lado de fora da Câmara
Movimentação do lado de fora da Câmara
Movimentação do lado de fora da Câmara
1 de 6

Movimentação do lado de fora da Câmara

Michael Melo/Metrópoles
2 de 6

Polícia cerca a Casa

Michael Melo/Metrópoles
3 de 6

Movimentação do lado de fora da Câmara

Raiane Wentz/Metrópoles
4 de 6

Movimentação do lado de fora da Câmara

Raiane Wentz/Metrópoles
5 de 6

Movimentação do lado de fora da Câmara

Raiane Wentz/Metrópoles
6 de 6

Movimentação do lado de fora da Câmara

Raiane Wentz/Metrópoles

Mesmo com o adiamento da análise da proposta, dezenas de manifestantes ficaram do lado de fora da Câmara Legislativa, que foi cercada por seguranças, policiais legislativos e militares. Houve empurra-empurra e confusão. Um dos participantes chegou a jogar uma sacola nos PMs. Os militares usaram spray de pimenta.

Um rapaz foi detido após jogar garrafa de gelo em um policial. A versão, da Polícia Legislativa, foi contestada por uma professora que estava do lado de fora da Casa. De acordo com ela, o jovem é docente de uma escola em Ceilândia e, no momento que tentava entrar, as pessoas o empurraram e ele teria sido preso sem motivo.

De acordo com a PMDF, 2 mil servidores se concentraram do lado de fora da Câmara Legislativa. “Houve um princípio de tumulto na hora que foi liberada a entrada dos funcionários públicos para acompanharem a votação da previdência. A PMDF prontamente controlou a situação, sendo novamente liberado o acesso daqueles que querem acompanhar a votação”, ressaltou a corporação. Por volta das 16h, os manifestantes começaram a deixar a Casa.

O presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Direta (Sindireta), Ibrahim Yusef, comemorou o cancelamento da sessão. “O governo queria passar um rolo compressor em cima da gente. Agora, esperamos ser chamados para conversar. Esse governo passa, mas é da nossa aposentadoria que estamos falando”, assinalou.

Projeto encaminhado
O PLC n°122 foi entregue pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB) à Câmara Legislativa em 23 de agosto, um dia após o governo anunciar que poderia parcelar os salários dos servidores caso não entrasse dinheiro em caixa até o fim do mês.

O governador chegou a convocar a imprensa para dizer que quem ganhasse acima de R$ 7,5 mil poderia receber em duas vezes, a medida afetaria 45 mil funcionários do governo local. Entre as possibilidades de evitar o fatiamento, segundo Rollemberg, estava a compensação previdenciária (R$ 791 milhões) por parte da União e a aprovação do PLC 122.

Isso porque o governo alega que precisa dispor do Tesouro local R$ 170 milhões para pagar aposentadorias. As mudanças previstas, como a união dos fundos do Instituto de Previdência dos Servidores (Iprev), seriam uma solução rápida para que o desembolso mensal deixasse de ocorrer.

 

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?