Drácon: MP acha planilha da corrupção no celular de Cristiano Araújo
Em petição entregue à Justiça, promotores acharam divisão de valores e pedem que denunciados devolvam R$ 3 milhões de suposta propina
atualizado
Compartilhar notícia
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) acredita ter encontrado a planilha da corrupção na Câmara Legislativa. Em petição de 43 páginas encaminhada à Justiça nesta segunda-feira (21/11), a qual o Metrópoles teve acesso, os promotores detalham a partilha de valores encontrada no celular do deputado distrital Cristiano Araújo (PSD). O aparelho foi apreendido na primeira fase da Operação Drácon, em 23 de agosto.
O detalhamento dos valores, segundo o documento do MPDFT, foi feito no dia 11 de fevereiro deste ano. Pelo rateio, os cinco deputados distritais denunciados pelos promotores por corrupção passiva embolsariam, cada um, a quantia de R$ 50 mil. Valério Neves, ex-secretário-geral da Câmara, ficaria com R$ 20 mil e Ricardo dos Santos, ex-diretor do Fundo de Saúde, com R$ 25 mil. Havia também um saldo remanescente de R$ 80 mil, que iria para o restante do grupo, que ainda não foi identificado.
Os envolvidos eram reconhecidos pelas iniciais do nome. Duas delas, no entanto, ainda não foram identificadas pelos investigadores: SJ e FT. Abaixo da planilha, cujo arquivo recebeu o nome de “UTI 315”, há um registro dizendo “UTI 3.000.000,00”, que pode se referir ao valor da propina recebida pelos distritais.
Cristiano Araújo negou as acusações, por meio da sua assessoria de imprensa. “A denúncia é totalmente infundada e será contestada na Justiça, de acordo com o devido rito legal, estabelecido pela Constituição. Não tenho ingerência sobre as emendas dos demais deputados. E reforço que estou à disposição das autoridades e da imprensa para prestar esclarecimentos, como já fiz sempre que solicitado.”
A petição é assinada pela vice-procuradora-geral do DF, Selma Sauerbronn. Nesta segunda, os promotores denunciaram à Justiça os cinco deputados alvos da Drácon por corrupção passiva. São eles: a presidente afastada da Câmara Legislativa Celina Leão, Raimundo Ribeiro, ambos do PPS, Julio Cesar (PRB), Bispo Renato Andrade (PR), além de Cristiano Araújo.Também responderão pelo mesmo crime Valério Neves, o ex-secretário-executivo da Terceira Secretaria da Câmara Alexandre Cerqueira e Ricardo Cardoso.
Ressarcimento
Além de denunciar oito pessoas por corrupção passiva, o MP cobra na ação encaminhada à Justiça nesta segunda-feira (21/11) R$ 3 milhões dos acusados de suposto esquema de propina na Câmara Legislativa.
O valor se refere aos 10% da emenda pivô da investigação, que destinava R$ 30 milhões de sobras orçamentárias da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) para o pagamento de empresas de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Os deputados teriam cobrado esses 10% de propina de empresários para liberar os recursos. Eles negam as acusações.
De acordo com petição entregue à Justiça, os promotores pedem “o arbitramento do valor mínimo de reparação solidária em desfavor dos denunciados, com fundamento no artigo 387, inciso IV, do CPP (Código de Processo Penal), no montante de R$ 3 milhões – correspondente ao valor solicitado da propina – em razão do dano causado à administração pública e a toda sociedade local.”