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Caixa de Pandora: Arruda, Paulo Octávio e Durval prestam depoimento na Justiça durante quase oito horas

Trio foi ouvido na 2ª Vara da Fazenda Pública, na ação que investiga os processos de improbidade administrativa referentes ao escândalo Caixa de Pandora

atualizado

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1 de 1 arrudavale - Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil

Os interrogatórios no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDF) sobre a ação de improbidade administrativa decorrente da operação Caixa de Pandora, que nesta quarta-feira (16/12), reuniram o ex-governador José Roberto Arruda, o ex-vice-governador Paulo Octávio e o delator do esquema, Durval Barbosa, duraram quase oito horas. Barbosa foi o primeiro a falar. Discursou por três horas e não poupou ninguém.

Kelly Almeida/MetrópolesDurval entrou na sala para depor 15h12. Ao sentar na mesa, já começou a atirar. Disse que foi formado um “conluio” e todas as vezes que ele se referisse a esse grupo, estava falando de propina.

Segundo o delator do esquema, Arruda ficava com 40% do dinheiro ilegal; Paulo Octávio com 30% e ele com 10%. Conseguiam os valores, de acordo com Durval, depois de fecharem contratos fraudulentos com empresas prestadoras de serviço no DF. Do total do contrato, os réus ganhavam uma parte, segundo a delação. “As empresas me procuravam porque tinham mais confiança em mim. Arruda era uma pessoa inconfiável”, destacou.

Kelly Almeida/MetrópolesAinda sobre Arruda, Durval disse ao juiz substituto Rodrigo Barbosa que, “de 2007 a 2009, captei em torno de R$ 110 milhões para Arruda. De 2003 a 2006, na pré-campanha, entreguei a Arruda R$ 60 milhões, em dinheiro”. “Arruda não ganhava só com informática. Essa área era troco. Ele ganhava era de tudo”, garantiu o delator.

Por voltas das 18h20, o interrogatório de Durval foi encerrado. O juiz quis dar prosseguimento aos outros depoimentos, mesmo com as tentativas dos advogados de adiar a sessão. “Já ficamos aqui até meia-noite. Vamos prosseguir”, explicou o magistrado.

Kelly Almeida/MetrópolesNa sequência, entrou Arruda. O ex-governador disse ser “vítima” diante das acusações e afirmou que as denúncias foram feitas porque ele reduziu valores de contratos de tecnologia quando assumiu o Governo do Distrito Federal.

Apesar de Durval ter garantido que era responsável por firmar contratos ilegais na gestão de Arruda, o ex-governador afirmou que só manteve o delator no governo para ter apoio na Câmara Legislativa, já que o irmão de Durval, Milton Barbosa, havia sido eleito distrital na época. “Quando assumi, tive pressão muito forte. Permiti então que ele (Durval) ficasse como assessor, apenas”, explicou.

Em certo momento, Arruda fez que ia chorar. Parou de falar por alguns segundos, embargou a voz e pediu que o advogado pegasse um copo com água para ele. Pediu desculpas ao juiz e continuou com o depoimento. Disse que foi “vítima de um processo de extorsão, tirado do governo, preso e humilhado”. Ao contrário de Durval, Arruda não falou muito. O interrogatório dele durou menos de uma hora.

Absolvição
Em seguida, entrou o ex-vice-governador Paulo Octávio. Foi o mais rápido. Na maior parte do tempo, falou sobre sua vida pública em Brasília e ainda que, “na véspera de fazer 60 anos, aconteceu tudo. Com a prisão (do Arruda), fiquei assustado”.

A defesa do ex-vice-governador acredita na absolvição dele. “Não tem qualquer participação dele nas imputações que são lançadas. Ele nunca participou das contratações de empresas de informática. Não há provas contra ele, não há vídeos em que ele apareça, não há áudio em que a voz dele apareça. O nome dele é referido pelo delator, ao próprio arbítrio”, afirma a advogada Gabriela Bemfica.

Provas suficientes
O Ministério Público não quis fazer perguntas a Paulo Octávio. Segundo os promotores, as provas que constam no processo já são suficientes para a comprovação das denúncias. “Os depoimentos de hoje ocorreram a pedido do juiz. Temos convicção de que as provas que estão nos autos dão certeza que os fatos imputados aos réus são verdadeiros”, afirmou Clayton Germano, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Os três foram ouvidos na 2ª Vara da Fazenda Pública do DF, na ação que investiga os processos de improbidade administrativa. De acordo com a denúncia, os réus teriam usado contratos com a Linknet  Tecnologia e Telecomunicações para desviar R$ 64 milhões dos cofres públicos.

São réus também nessa ação: José Geraldo Maciel (ex-secretário de Saúde e ex-chefe da Casa Civil), Luiz Paulo Costa Sampaio (ex-gerente da Codeplan), Ricardo Penna (ex-secretário de Planejamento), Roberto Giffoni (ex-corregedor-geral do DF), Gilberto Batista de Lucena (empresário) e a empresa Linknet Tecnologia.

Veja como foi a audiência no Twitter do Metrópoles: @metropolesdf.


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