Homem que abrigou assassinos de servidora do MinC: “Não sou bandido”
Em conversa com a reportagem, Glauber da Costa admitiu que usa drogas, mas negou participação no assassinato
atualizado
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Franzino, de bermuda e camiseta, sujo, descalço, Glauber Barbosa da Costa, 42 anos, o responsável pela quitinete que serviu de abrigo para os assassinos da servidora pública Maria Vanessa Veiga Esteves, 55, admitiu na tarde desta quinta-feira (10/8) que é usuário de crack, maconha e cocaína. “Mas não sou bandido”, afirmou. Ele negou ser traficante.
Com olhar fixo no interlocutor, Glauber conversou com a reportagem em frente à padaria da 208 Norte, próximo ao bloco onde mora. Disse que, na noite de terça-feira (8), quando Maria Vanessa foi assassinada, estava dormindo na kit, quando os dois criminosos chegaram com a roupa suja de sangue e com facas na mão.“Vi que eles estavam drogados e tinham algumas coisas, mas não imaginava que tivessem matado alguém”, garantiu. Mas admitiu que os criminosos, um deles de 15 anos, sempre contavam dos roubos que cometiam na região e levavam os objetos para a casa dele. Eles agiam armados com facas.
Glauber, porém, disse que não denunciou os assassinos porque tinha medo. “Vai que eu denuncio e o cara é solto? No outro dia, eu que ia morrer.” Glauber chegou a ser levado para a 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), mas foi liberado após assinar um Termo Circunstanciado. Ele responderá por favorecimento pessoal (por esconder os criminosos).
O rapaz diz que faz mestrado na área de Relações Internacionais na Universidade de Brasília (UnB) e trabalhou no MinC até 2014. Em 2015, foi aposentado por invalidez. Glauber foi diagnosticado como esquizofrênico e ficou dois anos internado em uma clínica de reabilitação em Unaí (MG).
A kit onde mora é alugada e fica perto da residência da servidora (408 Norte). Maria Vanessa foi assassinada a facadas ao chegar em casa — ela foi enterrada na tarde desta quinta (10) em Juiz de Fora (MG). Glauber assegura que não conhecia a vítima. “Só quero esquecer tudo isso, cuidar da família e virar professor”, disse.
Currículo
Em currículo divulgado na internet, Glauber diz que é bacharel em Administração pela UnB e que cursou MBA da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) em 2008. O homem também conta que atuou na empresa PricewaterhouseCoopers, na área de consultoria de mercado de capitais de empresas estrangeiras, com registro na Bolsa de Valores de Nova York (USA).
Glauber garante que passou no concurso do MinC para atuar como agente administrativo. Trabalhou no ministério por quatro anos, até se aposentar por invalidez. Vive sozinho na Asa Norte e, no mês passado, como divulgou o Metrópoles, foi preso por dirigir embriagado e em alta velocidade no Setor de Embaixadas Sul.