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Entorno do DF tem dois municípios entre os mais violentos do país

Novo Gama (GO) e Luziânia (GO) aparecem no ranking divulgado pelo Ipea. No DF, casos de assassinato de mulheres cresceram em 10 anos

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Os dados de violência divulgados na segunda-feira (5/6) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) trazem pelo menos dois alertas para o Distrito Federal. O primeiro, que chama mais a atenção, é o aumento dos casos de assassinato de mulheres na capital do país. O número saltou de 47 para 58, de 2005 para 2015 — 23,4% a mais nos 10 anos pesquisados.

Em outro recorte, o Ipea mostra que o Entorno do Distrito Federal continua sendo uma das regiões mais violentas do país. Novo Gama e Luziânia aparecem, respectivamente, na 20ª e na 21ª posição na lista de 30 municípios onde a criminalidade não dá trégua. Altamira, no Pará, encabeça o ranking das cidades com mais de 100 mil habitantes com maior índice de violência em 2015.

Alguns crimes recentes ocorridos em Luziânia chocam pela brutalidade. Em abril deste ano, por exemplo, Natália Macedo, 26 anos, foi encontrada com sinais de enforcamento em seu apartamento na cidade goiana. O principal suspeito do homicídio é o marido, Ivo Mendes do Nascimento, que fugiu do local com o filho de um ano e três meses. O paradeiro dele e da criança ainda é desconhecido.

No DF, os casos de violência contra a mulher também são frequentes. Em março de 2016, por exemplo, em um caso que chocou a população, a jovem Louise Maria da Silva Ribeiro, 20 anos, foi asfixiada e morta pelo ex-namorado Vinícius Neres Ribeiro, também 20 anos, dentro do laboratório de Biologia da Universidade de Brasília (UnB). A universitária teve as partes íntimas queimadas por seu algoz, que não se conformava com o fim do relacionamento.

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Em 3 de março deste ano, o Tribunal do Júri de Brasília condenou Vinícius Neres Ribeiro a 22 anos por homicídio quadruplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio) e a 1 ano de reclusão e 10 dias de multa (equivalente a 1/30 de salário mínimo) por destruição de cadáver.

Vinícius teve a pena atenuada (de 25 para 22 anos) por ser menor de 21 e ter confessado espontaneamente o crime ocorrido no dia 10 de março de 2016 e que chocou Brasília. Segundo o promotor Marcello Medeiros, apesar de o assassino de Louise ser réu primário, deve cumprir 2/5 da pena em regime fechado (9 anos e dois meses) até poder pedir progressão de regime.

Ao final do júri, Medeiros comentou o resultado. “Falar em Justiça é complicado porque temos uma menina de 20 anos que perdeu a vida de maneira brutal. Penso que nós conseguimos atingir o que era possível dentro daquilo que a legislação permite. Os jurados acolheram todos os nossos pleitos, ressaltando a questão do feminicídio. Nesse particular, conseguimos mostrar para a sociedade que essa violência, que era tão oculta, existe e precisa ser reprimida”.

E a maioria das pessoas assassinadas na capital da República são jovens como Louise. Em 2015, segundo o Ipea, de um total de 742 homicídios no DF, 51% eram de pessoas entre 15 e 29 anos. Em 2012, o ano mais violento no Distrito Federal, 954 brasilienses perderam a vida de forma brutal. Em 2015, foram 742.

Relembre tragédias ocorridas no DF

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Uma mulher morreu assassinada em fevereiro deste ano, na QSF 01, em Taguatinga Sul, próximo à Universidade Católica. Natália Cristina Dantas da Costa, 19 anos, foi vítima de um disparo de arma de fogo no tórax. O autor fugiu
A professora Raquel Costa Miranda, 41 anos, morreu em janeiro passado, após ser baleada nas costas durante um latrocínio (roubo seguido de morte) no Gama. O carro dela foi levado pelo criminoso, mas encontrado carbonizado pouco depois no Novo Gama (GO)
Ana Rita Graziela Rodrigues, 21 anos, foi assassinada em outubro do ano passado. O crime ocorreu no Lote 11 do Conjunto 6, no Setor Placa das Mercedes, no Núcleo Bandeirante. A vítima foi alvejada com vários tiros na cabeça, dentro da serralheria de propriedade da mãe dela
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Talita Moreira, 18 anos, desapareceu em fevereiro deste ano após sair de casa, no Recanto das Emas, para trabalhar. O corpo dela foi encontrado degolado, segundo informações da 32ª Delegacia de Polícia

Reprodução
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Uma mulher morreu assassinada em fevereiro deste ano, na QSF 01, em Taguatinga Sul, próximo à Universidade Católica. Natália Cristina Dantas da Costa, 19 anos, foi vítima de um disparo de arma de fogo no tórax. O autor fugiu

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A professora Raquel Costa Miranda, 41 anos, morreu em janeiro passado, após ser baleada nas costas durante um latrocínio (roubo seguido de morte) no Gama. O carro dela foi levado pelo criminoso, mas encontrado carbonizado pouco depois no Novo Gama (GO)

Giovanna Bembom/Metrópoles
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Ana Rita Graziela Rodrigues, 21 anos, foi assassinada em outubro do ano passado. O crime ocorreu no Lote 11 do Conjunto 6, no Setor Placa das Mercedes, no Núcleo Bandeirante. A vítima foi alvejada com vários tiros na cabeça, dentro da serralheria de propriedade da mãe dela

Denúncias para coibir agressões
Para George Felipe de Lima Dantas, especialista em segurança pública, os assassinatos de mulheres “têm relação com a cultura machista e patriarcal”. Mas Dantas faz um contraponto, que pode coibir casos no futuro: “Acredito que hoje há um aumento da reação das mulheres, cada vez maior, em denunciar agressões”.

Segundo o especialista, os homicídios no DF e no Entorno, de maneira geral, podem estar relacionados ao crescimento urbano acelerado e desordenado de regiões administrativas do DF e do Entorno. “Questões demográficas costumam elevar os números desse tipo de recorte nas estatísticas”, ressaltou.

Ipea/Divulgação

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