Em três dias, mãe perde dois filhos afogados no Lago Paranoá
Após a morte da irmã, a musicista Jéssica da Cruz, Genival enviou áudio para família e morreu na orla da Ponte JK. Corpo foi achado na terça
atualizado
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Uma mãe dilacerada por uma dupla tragédia. No sábado (17/6), a costureira Marlene dos Santos, 46 anos, recebeu a notícia de que o corpo de sua filha, a musicista Jéssica Tavares dos Santos da Cruz, 22, tinha sido encontrado no Lago Paranoá. Três dias depois, nesta terça (20), foi a vez do filho, Genival Tavares da Cruz, 25, morrer da mesma maneira e no mesmo local.
“Está sendo muito difícil, porque quando lembro da dor de um, logo percebo que também perdi o outro”, diz Marlene, aos prantos. Mal enterrou o corpo da filha, na Bahia, a costureira agora vela o do filho. Depois que a irmã morreu, Genival ficou recluso, triste e nem conseguia se levantar da cama.
Nesta terça (20), Genival saiu de casa e mandou uma mensagem de voz pelo WhatsApp para a família, por volta das 21h30, minutos antes de ser encontrado morto. “Ele foi breve. Dizia apenas que amava muito a minha tia [mãe deles] e todo o restante da família, mas que não conseguiria mais viver sem a irmã”, disse a prima, a publicitária Silvia dos Santos, 22.
Ainda segundo Silvia, o primo informou que estava no mesmo local onde Jéssica havia sido encontrada e se despediu. Depois disso, não visualizou mais as mensagens em seu celular. “Imediatamente nós acionamos os Bombeiros e fomos até a orla da Ponte JK. Quando chegamos, já era tarde demais”, detalhou. Os militares tentaram reanimar Genival por cerca de uma hora, mas ele não resistiu. “A família está desconsolada. É inacreditável tudo o que estamos passando. Um momento repleto de dor”, acrescentou a prima.
Moradora da QNN 1 de Ceilândia, Marlene dos Santos não consegue entender a tragédia. Em uma breve conversa com o Metrópoles nesta quarta (21), ela disse que os filhos eram muito unidos desde pequenos. Não se desgrudavam. “Eram meninos muito bons”, resume a costureira, que tem uma outra filha.
Genival era um jovem aplicado e cheio de planos. Dava aula de idiomas (inglês, francês e espanhol). Fazia duas faculdades, de direito e letras. Só parou a rotina agitada depois que a irmã morreu. Pela descrição dos familiares, não passava por momentos de depressão antes de perder Jéssica de forma trágica.
A jovem desapareceu na madrugada de quinta-feira (15), quando teria saído de um encontro religioso no Riacho Fundo para o Lago Sul. Segundo informações de colegas, o carro dela foi encontrado estacionado perto de restaurantes às margens do Lago Paranoá. Imagens de câmeras de segurança mostram a musicista caminhando na região. O material está com a polícia.
Após receber a informação, a família acionou o Corpo de Bombeiros. As buscas no Lago começaram às 13h45 de sexta (16) e duraram cerca de cinco horas, até serem encerradas com o cair da noite. Foram retomadas às 6h15 de sábado (17), quando os socorristas acharam o corpo da jovem.
Amigos da musicista contaram ao Metrópoles que Jéssica havia trancado o curso de música na Universidade de Brasília (UnB) e estava se dedicando a projetos na Igreja Sara Nossa Terra, no Sudoeste. A jovem era apaixonada por saxofone.
As roupas e os pertences de Jéssica foram encontrados na beira do Lago. “Ela estava com um short e uma blusa preta que usava para tomar banho. A Jéssica nunca tinha relatado problema com os pais. Não tinha motivo para tirar a própria vida”, comentou Silvia.
Marlene, a mãe, busca respostas para a morte da filha. “Não quero acusar ninguém, mas só queria entender o que aconteceu”, suplicou a costureira. O caso de Jéssica é investigado pela 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul). Na tarde desta quarta (20), familiares estavam reunidos na casa de Marlene, tentando reunir forças para suportar essa outra tragédia.