Efeito seca. Adasa prevê racionamento de água e mudanças na tarifa
O brasiliense não vê chuvas fortes desde o início de abril, e os principais reservatórios que abastecem o DF estão com pouco mais de 60% da capacidade. Caso o percentual continue a baixar, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico adotará uma série de ações para reduzir o consumo da população
atualizado
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Com a escassez das chuvas neste ano e a chegada antecipada do período de estiagem, os brasilienses devem ficar atentos ao consumo de água. Medidas como racionamento, aumento de tarifas ou bônus para quem economizar serão adotadas pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa) caso o nível dos principais reservatórios que abastecem o Distrito Federal caia a menos do que 60%.
De acordo com as últimas medições, realizadas na semana passada, o nível observado no Lago Descoberto está em 1.027,96m, o que representa cerca de 65% da sua capacidade. O Lago Santa Maria está em 1.068,87m, que indica aproximadamente 63% da capacidade. Por enquanto, é água suficiente para manter o DF abastecido até o fim deste ano.Mas se o consumo aumentar e a seca piorar, mecanismos de contingência serão adotados. Além da grama seca e da baixa umidade no ar, o morador do DF percebe a estiagem em locais como o Parque da Cidade, onde o reservatório está abaixo do nível normal (foto principal).
As medidas estudadas pela Adasa serão apresentadas em uma audiência pública, marcada para 9 de agosto. A agência estabeleceu três estágios em relação ao nível de água. O primeiro será o estado de atenção, a ser adotado quando o indicador dos reservatórios atingir 60% do seu volume útil. Nesta etapa, além de intensificar a fiscalização, a agência investirá em campanhas educativas para o consumo responsável e vai disciplinar o uso (como proibir irrigação) em determinadas áreas.
Restrições
No estado de alerta, quando a ocorrência do nível diário observado for igual ou inferior a 30% do volume útil dos reservatórios, serão tomadas providências mais drásticas, com possibilidade de restrição de uso e redução da vazão outorgada. A prioridade será o consumo humano e a dessedentação (saciação de sede) de animais. Na situação crítica de escassez hídrica, a agência poderá adotar ainda mecanismos tarifários de contingência, conforme prevê a Lei Federal 11.445.
Se a situação chegar ao extremo, no estado de restrição de uso (quando o nível observado nos reservatórios for igual ou inferior a 20% do volume útil), será adotado o regime de racionamento preventivo, além de outras medidas.
Tanta preocupação tem um motivo. O Distrito Federal praticamente não registrou chuvas desde junho. Em maio, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu cerca de 4mm, 90% abaixo da média. A última chuva forte ocorreu no início de abril.
São Paulo
Medidas como racionamento, bônus para quem economiza ou até o aumento de tarifas foram usadas recentemente em São Paulo, por conta de uma grave crise hídrica. O momento crítico foi iniciado em 2014, quando o volume útil dos reservatórios do Sistema Cantareira, que atende 8,8 milhões de pessoas na Grande SP, chegou ao limite mínimo.
Para reduzir o problema, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) decidiu usar o volume morto, uma reserva que fica abaixo das comportas que retiram água do Sistema Cantareira, medida que nunca tinha sido utilizada antes. Também foram usadas as águas dos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga. Foi adotado um bônus de 30% na conta de água para quem economizasse. A Sabesp também diminuiu a pressão do abastecimento e começou uma campanha de conscientização com a população, além de racionamento.
Apesar das fortes chuvas de 2015, o volume das represas subiu timidamente e a situação continuou crítica ao longo do ano. (Com informações da Adasa)