UnB leva “garfada” de quase 50% nos investimentos para 2017
Orçamento aprovado mostra que déficit anual ficará próximo dos R$ 105 milhões. Estudantes e servidores estão preocupados com a situação
atualizado
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O ano está apenas começando, mas a Universidade de Brasília (UnB) já prevê dificuldades financeiras para 2017. Na última sexta-feira (10/2), o Conselho de Administração da instituição (CAD) aprovou o orçamento anual e as perspectivas estão longe de serem otimistas. Somente em investimentos, a queda deve ser de 47% em relação ao ano passado.
A matriz orçamentária para a manutenção da instituição será de R$ 105,9 milhões este ano, 43,7% menor do que em 2016, quando o valor foi de R$ 188 milhões. O orçamento previsto para investimentos também terá forte redução: de R$ 46,4 milhões no ano passado para R$ 24,6 milhões neste exercício. A estimativa de déficit anual gira em torno de R$ 105,6 milhões (veja relatório completo).
Mesmo com a situação desfavorável, a reitora da UnB acredita que as aulas não serão afetadas. “Nossa prioridade é manter os repasses para institutos, faculdades e assistência estudantil no mesmo patamar que no ano passado”, afirmou Márcia Abrahão ao Metrópoles.Ainda segundo a reitora, a gestão tenta outras formas de conseguir fontes de orçamento e cortar gastos. “Estamos tentando negociar novos repasses com o Ministério da Educação e reforçar a captação de recursos com entidades públicas e privadas. Além disso, uma equipe revisará todos os contratos em busca de possíveis custeios desnecessários”, diz Márcia.
Já a decana de Planejamento e Orçamento, Denise Imbroisi, classificou a situação de “horizonte difícil” . “Estamos mantendo os recursos de 2016, que sabemos que também foram baixos”, afirmou.
A perspectiva deixou funcionários da universidade preocupados. “No ano passado já houve queda no orçamento e, consequente, redução de trabalhadores. A manutenção da Prefeitura do Campus, por exemplo, passou de 120 para 68 profissionais”, afirma Mauro Mendes, coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub). “Sabemos que a prioridade é o ensino, mas o quadro de servidores já é defasado. Sem eles, a universidade fica precária”, completa.
Estudantes preocupados
Os dados também deixaram estudantes receosos. Presidente do Centro Acadêmico de Economia, Fellipe Areias acredita que os cortes podem influenciar no cotidiano dos alunos. “Uma redução sempre é negativa. Esperamos que a atual gestão tenha competência para lidar com essa questão, mas ficaremos de olho caso esse fator influencie na qualidade do ensino”, aponta o jovem.
A Associação dos Docentes da UnB (ADUnB) foi procurada, mas não havia se pronunciado até a última atualização desta reportagem.
O orçamento aprovado pelo CAD ainda será submetido ao Conselho Universitário (Consuni). A versão final do planejamento deve ser divulgada na sexta-feira (17).
Problemas recorrentes
A situação financeira crítica da UnB não é assunto recente. No último ano, a universidade já havia sofrido com cortes no orçamento, devido à redução no repasse federal. No início de 2016, professores da escola de línguas da universidade chegaram a ficar com salários atrasados.
Até mesmo os jardins da instituição sofreram com a recessão e alunos tiveram que juntar esforços para cuidar das plantas.
Para tentar sanar o problema financeiro, algumas alternativas são estudadas. Uma delas é a possibilidade de financiamento particular. A iniciativa era vista com bons olhos pela gestão anterior, comandada pelo ex-reitor Ivan Camargo. Mesmo assim, a universidade não conseguiu avanços significativos em valores com o projeto.