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Projeto de alfabetização do DF leva garis para a sala de aula

Cerca de 50 trabalhadores do Serviço de Limpeza Urbana começam a entender o mundo por meio da leitura e da escrita

atualizado

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aula slu garis
1 de 1 aula slu garis - Foto: João Gabriel Amador/ Metrópoles

Ler um livro ou uma reportagem, orientar-se por placas, entender um comunicado. As situações cotidianas só passaram a fazer parte da rotina de 50 trabalhadores do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) nos últimos dois meses. Os garis, que aos poucos descobrem um novo mundo por meio da leitura e da escrita, fazem parte do curso de alfabetização promovido pela companhia de limpeza em parceria com a Sustentare Saneamento e a Universidade Católica de Brasília (UCB). A iniciativa teve início quando funcionários do SLU perceberam que alguns colaboradores tinham dificuldades para entender comunicados da empresa.

E, mesmo com apenas dois meses de aulas, a vida dos garis já é outra. “Agora entendo melhor as placas e vejo como as palavras são escritas do jeito certo”, conta Lilian da Silva Moraes, 30 anos. Segundo ela, até a vida pessoal teve mudanças. “Tenho mais paciência com meus filhos porque, se a professora tem calma para me explicar as coisas, também tenho de ser assim com eles”, conta Lilian.

Alguns profissionais, como Lilian, já tinham alguma noção das palavras, mas há quem começou o aprendizado quase do zero. É o caso de Antônio Bonfim, de 65 anos. “Quando pequeno, precisava de dinheiro para estudar e acabei indo trabalhar. Sabia escrever só o meu nome. Agora, quero aprender mais. Já consigo saber as letras nas placas, só tenho um pouco de dificuldade de juntá-las”, conta, com um sorriso no rosto.

As aulas não mudam a percepção do mundo apenas para os estudantes. Os professores também têm sido tocados pela experiência Williane Carvalho é coordenadora na Sustentare, mas se voluntariou para o desafio de alfabetizar os garis. “É bastante diferente de ensinar crianças, pois eles são adultos e têm um contexto próprio. Passaram a vida toda falando de uma forma e, às vezes, encontram dificuldade de diferenciar a linguagem oral da escrita”, relata.

A metodologia do curso foi desenvolvida pela UCB, por meio do projeto filantrópico “Alfabetização Cidadã”, que atende jovens e adultos. Os professores utilizam situações próximas da realidade dos alunos para desenvolver a leitura. “Peço que escrevam sobre o dia a dia deles. Uso as letras do nome para ensinar novas palavras, por exemplo”, conta Williane.

Os resultados têm superado as expectativas da alfabetizadora. “Muitos já conseguem ler placas e escrevem pequenos textos. É uma emoção muito grande ver essa evolução e perceber que o mundo tem outro significado para eles”, diz Williane, emocionada.

Para garantir a participação dos garis, as lições são ministradas durante o expediente. Os participantes trabalham das 7h as 13h e, depois, vão para a sala de aula, das 14h às 15h20, duas vezes na semana. A formatura está marcada para o dia 8 de dezembro, e será na Universidade Católica.

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