A luta para o filho estudar perto de casa. Pais madrugam na porta de escolas em busca de vagas remanescentes

Escolas da rede pública de ensino do Distrito Federal abrirão, na segunda-feira (15/2), o período de matrículas para o preenchimento das vagas remanescentes, que se estenderá até sexta-feira (19). Apesar do prazo estipulado pela Secretaria de Educação, pais que tentam a matrícula dos filhos em um colégio público próximo a suas residências ou locais de trabalho começaram a fazer acampamentos ao lado de fora das instituições na madrugada de sexta-feira (12/2).

Na Escola Classe 02 do Riacho Fundo II, quem iniciou a vigília na esperança de efetuar o registro informou ao Metrópoles que havia apenas 22 vagas disponíveis. A fila virava a esquina. Os pais levaram barracas, cobertores, café e comida. O intuito era permanecer no local até a segunda-feira (15). Por volta da 1h de sexta (12), no entanto, a direção da colégio disponibilizou senhas de atendimento para dispersar a multidão.

A técnica em educação Leliane Silva dos Reis (foto principal), 25 anos, tentou garantir a matrícula de duas crianças que ela ajuda a cuidar. “Como tenho câncer, não tive condições de esperar. O segurança me disse que eu poderia ficar tranquila e voltar na segunda (15). Mas durante a madrugada desta sexta (12), a diretora da Regional de Ensino do Núcleo Bandeirante, responsável também pelo Riacho Fundo II, foi até o colégio, distribuiu várias senhas e, agora, no muro da escola, há um cartaz dizendo que não há mais vagas”, reclama.

Leliane disse que os meninos foram matriculados em uma escola em Ceilândia e que os pais não têm condições de levá-los para um colégio tão distante. “Tentarei conversar com a diretora da regional, mas se a situação não for resolvida, vou entrar com uma ordem judicial contra a secretaria”, afirma. Segundo a técnica em educação, tinha gente recebendo dinheiro para segurar lugares na fila.

A artesã Angélica Leão, 33 anos, ficou até as 1h15 desta sexta-feira no colégio. Ela conta que permaneceu quase 18 horas no acampamento e saiu somente depois que recebeu uma senha. “Minha filha foi transferida para uma escola que fica muito distante da minha casa. Era inviável mantê-la lá”, relata.

Procurada pela reportagem, a pasta assegurou que nenhum estudante ficará sem vaga na educação básica, mas não pode garantir que o aluno seja matriculado na escola de preferência a partir dessa oferta final de vagas. Sobre o caso da Escola Classe 02 do Riacho Fundo II, a secretaria explicou que foi “uma ação pontual e que as senhas distribuídas não garantem a vaga da criança. O registro será feito somente na segunda (15)”. E acrescentou: “A formação de filas nas escolas não vai garantir a efetivação de matrículas. Tudo dependerá da disponibilidade de vagas”.

Matrículas
Para fazer o registro nos colégios, é necessário que os estudantes ou os responsáveis compareçam à secretaria da escola desejada, das 8h às 17h, e verifiquem se ainda há vagas. Em caso positivo, o candidato que esteja com a documentação exigida poderá efetuar a matrícula de imediato. Em relação aos que querem trocar de escola, o pedido de transferência deve ser feito apenas após a obtenção de garantia da vaga.

Documentação
Ensino fundamental, ensino médio, educação de jovens e adultos (EJA): original e cópia da certidão de nascimento (RG, no caso da EJA), duas fotos 3×4, comprovante de residência e informações sobre tipo sanguíneo e fator RH. No caso de estudantes menores de idade, o responsável deverá apresentar RG e CPF.

Documentos específicos

Ensino fundamental
Declaração provisória de matrícula, histórico escolar ou ficha individual do estudante (séries/anos finais).

Ensino médio
Declaração provisória de matrícula ou histórico escolar.

EJA
Declaração provisória de matrícula ou histórico escolar. Caso a documentação esteja incompleta ou inexistente, deverão ser seguidos os procedimentos administrativos apontados no Manual da Secretaria Escolar 2010.

Educação especial
Declaração provisória de matrícula, histórico escolar ou ficha individual do estudante (séries/anos finais). Também é obrigatório anexar a documentação de cada etapa/modalidade e incluir diagnóstico clínico, expedido por profissional habilitado, identificando a deficiência e/ou transtorno global do desenvolvimento, além de relatório de avaliação e intervenção educacional, caso possua. O responsável deverá apresentar RG e CPF.