Faculdade Evangélica fecha as portas e não avisa aos estudantes
Estudantes temem não conseguir se formar. Instituição vinha atrasando salários de professores e de funcionários nos últimos meses
atualizado
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Estudantes, professores e funcionários da Faculdade Evangélica (FE), no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), foram pegos de surpresa ao retornarem às aulas após o período de férias escolares. A instituição encerrou as atividades sem comunicar ninguém. Na porta do edifício, um cartaz informava que a secretaria estava funcionando na Faculdade Fortium, na Asa Sul — as duas pertencem ao mesmo grupo.
Alguns funcionários, que pediram para não ter os nomes divulgados por medo de retaliações, contaram ao Metrópoles que, recentemente, a FE quitou dois meses de salários que estavam atrasados, mas ex-colaboradores ainda aguardam os valores relativos à rescisão. Outro problema é que as contribuições ao INSS não estão em dia com a Previdência Social.A versão oficial, que consta no site da FE, diz que a instituição passará por uma “reestruturação administrativa”, e que por isso as atividades pedagógicas estão suspensas. O aviso, contudo, não fala quando as aulas serão retomadas. Nos bastidores, o temor é que a faculdade não reabra e deixe todos na mão. A situação seria reflexo da crise pela qual passa o Grupo Fortium, que acumula dívidas e processos judiciais.
A situação pegou de surpresa os universitários, que estão com a conclusão dos estudos ameaçada. À reportagem, uma aluna disse que ninguém foi avisado sobre o fechamento da faculdade.
Os alunos do curso de assistência social que estavam no último semestre também ficaram sem aulas de repente. Eles tentam uma transferência para a Faculdade Projeção. “Eu, que tenho Fies [financiamento estudantil], fiquei em uma situação muito complicada”, lamentou a mulher, que também pediu para ter a identidade preservada.
Pagamento antecipado
Cerca de 30 colegas que estão na mesma situação criaram um grupo de WhatsApp para cobrar os documentos e tentar a transferência, o mais rapidamente possível, para outra faculdade. Mas alguns deles pagaram o semestre antecipadamente e não sabem se conseguirão receber o dinheiro de volta.
Segundo o diretor de Comunicação do Sindicato dos Professores das Entidades de Ensino Particulares do DF (Sinproep), Trajano Jardim, os problemas com a Faculdade Evangélica se arrastam há cinco anos. A instituição constantemente está com débitos de INSS, FGTS e até de pagamento dos funcionários.
“No ano passado, procuramos o Ministério Público para um pedido de ajuda na questão. Chegamos a realizar uma reunião, mas não fomos atendidos. Os professores têm receio de falar, pois podem sofrer represálias sérias da empresa”, explica Trajano. O Sinproep avalia a situação de todos os professores para tomar providências legais.
Procurada pela reportagem, a Faculdade Evangélica e o Grupo Fortium não haviam se manifestado até a última atualização desta matéria.
Despejo na Asa Sul
Além da FE, outra instituição do grupo passa por grave crise: a Faculdade Fortium. Em março, a instituição foi notificada da ação de despejo por falta de pagamento do aluguel. O prazo para entregar o prédio na 616 Sul ficou estipulado em 10 meses, sob pena de despejo compulsório. O lugar abriga 1.570 estudantes de administração, ciências contábeis, direito, letras, design, gestão da produção, pedagogia e dois cursos para tecnólogo em gestão de RH e gestão pública.
A ordem de despejo é da juíza Thaís Araújo Correia em resposta à ação da empresa Ega Administração, Participações e Serviços Ltda., que está com aluguéis em aberto desde fevereiro de 2016. Em julho do ano passado, a dívida da instituição acumulava R$ 1,031 milhão. No início do ano, o passivo corrigido era de R$ 1,56 milhão. A ação corre na 25ª Vara Cível de Brasília.