Alunos de Relações Internacionais da UnB denunciam racismo de docentes
Por meio de página no Facebook, eles dizem que, além de preconceito racial, professores também teriam sido homofóbicos durante as aulas. Estudantes organizam protestos para segunda-feira (6/6)
atualizado
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Alunos de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB) acusam professores de racismo, machismo e homofobia. Um grupo de estudantes criou, na noite de quinta-feira (2/6), uma página para denunciar casos de abuso por parte dos docentes. Em menos de 24 horas, a fan page “No ‘melhor da América Latina'” (expressão usada para designar o curso) contava com 911 seguidores e mais de 200 denúncias.
Um evento marcado nas redes sociais organiza um protesto contra o departamento na segunda-feira (6/6), às 12h. Mais de 300 pessoas já confirmaram presença. Segundo os universitários, há uma norma na instituição que orienta os alunos a não deitar no chão do prédio. No ato, eles planejam um “deitaço” nas dependências do edifício.
Os relatos expostos na rede social são assustadores. Segundo os alunos, professores da instituição defendem a ditadura militar, expõem a sexualidade dos alunos e têm atitudes machistas — além de afirmarem que os docentes costumam nem mesmo ir às aulas.
“Se você perguntar para qualquer aluno do curso de relações internacionais, cada um pode te indicar pelo menos uma história de abuso sofrido. São relatos variados, que vão desde bobagens como ‘estudantes não podem frequentar o segundo andar do prédio, espaço reservado aos professores’ a questões gravíssimas, como assédio sexual e racismo”, afirma um dos criadores da página, que pediu para não ser identificado por medo de represálias por parte de docentes.
De acordo com os organizadores do protesto, o estopim foi o preconceito sistemático de uma professora contra duas alunas negras do curso. “Ela nem olha para as estudantes e as interrompe constantemente durante as aulas. Em uma das apresentações de trabalho, a docente chegou a pedir para outro universitário que traduzisse a explicação da aluna”, apontou um dos idealizadores do “No ‘melhor da América Latina'”.
O coletivo responsável pela fan page citou também que um docente teria impedido os estudantes de saírem da sala de aula enquanto corrigia as provas em voz alta. E afirmou ainda que soluções institucionais foram procuradas, mas não viu resultado. “Tem professores com mais de 30 denúncias na ouvidoria e ainda dão aula”, reclama.
A Secretaria de Comunicação da UnB explicou que a instituição tomou conhecimento da história somente na tarde desta sexta-feira (3/6) e informou que já está apurando o caso. Sobre as reclamações na ouvidoria, o órgão disse que não há registros de acusações.
O coordenador do curso de graduação em relações internacionais, Roberto Goulart Menezes, esclarece que “não compactuamos com nenhuma forma de violência de gênero e seus correlatos, somos contra o trote e toda forma de humilhação, racismo, discriminação de qualquer natureza”. Ele destaca que a denúncia foi feita em uma página sem autoria do Facebook. “O caso é de extrema gravidade pois envolve a reputação de docente, o instituto e a UnB”, destaca.
Ele informa ainda que irá se reunir neste sábado (4/6) com membros do Centro Acadêmico do curso (Carel) para discutir a situação.