Páscoa nada doce. Preço dos ovos deve aumentar este ano
Crescimento de vendas no setor é cada vez menor. Consumidores têm preferido barras a ovos de chocolates. Produção artesanal também é alternativa para driblar a crise
atualizado
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Passado o carnaval, já é tempo de pensar em chocolate. A Páscoa está a menos de 40 dias e os supermercados e lojas do Distrito Federal começam a encher as prateleiras de ovos para a ocasião. O cenário, no entanto, pode não ser o melhor para comerciantes do setor. Em tempos de inflação alta – que fechou 2015 com índice acumulado de 9,67% – e economia instável, a expectativa é de que os preços dos ovos de Páscoa também subam este ano.
Na Casa do Chocolate, no Conic, a gerente Mel Bispo, 30 anos, estima que eles vão ficar 20% mais caros em relação ao ano passado. “Os clientes estão procurando mais as barras de chocolate. Um ovo de 250 gramas, por exemplo, custará R$ 34. Enquanto uma barra de 1kg sairá por volta de R$ 18”, explica. Segundo a gerente, a loja gastava nos anos anteriores cerca de R$ 60 mil com ovos de Páscoa. Neste ano, o investimento será apenas de R$ 15 mil.O eletrotécnico Cleiton Soares Santos, de 32 anos, já começou a pesquisar os preços dos chocolates. “Tenho que presentear muita gente. Diferentemente dos anos anteriores, vou optar pela barras nesta Páscoa”, comenta.
A substituição de ovos por tabletes de chocolate começou a ser percebida ainda no ano passado, quando os preços já apresentaram alta e o tamanho dos doces diminuiu. “As pessoas também começaram a investir mais na produção caseira. O setor deve seguir em crescimento, embora ele seja cada vez menor”, explica Adelmir Santana, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF).
Em alguns supermercados da capital, as pesquisas evidenciam a tendência: a venda de ovos infantis deve crescer em média 20% em relação ao último ano, enquanto a de tabletes e confeitos deve ter alta de 30%.
Expectativa de vendas
Apesar da alta nos preços – motivada pela inflação e pelo aumento no custo da matéria-prima utilizada na fabricação do chocolate –, a expectativa é de que haja crescimento nas vendas de ovos de chocolate em 2016, mas que ele seja menor que o verificado nos últimos anos.
De 2014 para 2015, a Fecomércio-DF registrou alta de 0,82% na expectativa de vendas para o período – número 10,3% inferior ao do ano anterior. “As pessoas estão consumindo o essencial e pensando na questão do emprego. A confiança caiu ao longo de 2015, tanto dos empresários quanto dos consumidores”, acrescentou Santana.
Aumento na tributação
A sorte é que o decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff no início do mês só passa a valer em maio e, portanto, não deve afetar a Páscoa de 2016. De acordo com a publicação, a cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre o chocolate terá alta.
Com a nova regra, o produto estará sujeito a uma alíquota de 5% sobre o preço de venda. Anteriormente, os chocolates eram tributados em R$ 0,09 (branco) e R$ 0,12 (outros) por quilo. A partir de maio, uma barra de chocolate ao leite nacional de um quilo, por exemplo, que tem preço médio de R$ 25, será taxada em R$ 1,25, contra os R$ 0,12 cobrados até agora. Nesse caso, a elevação será de mais de 900%.
Com informações da Agência Estado.