Aumento da mensalidade escolar pode chegar a 15% no Distrito Federal
Índices estão bem acima da inflação oficial prevista para este ano, de 7,5%, segundo estimativas do mercado. Entidades de defesa do consumidor alertam: reajuste é livre, mas não pode ser abusivo
atualizado
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Quem tem filhos em escola particular deve preparar o bolso. A mensalidade em 2017 deve subir entre 10% e 15%, dependendo do estabelecimento, bem acima da inflação oficial prevista para este ano, de 7,5%, segundo estimativas do mercado. O aumento será um baque no orçamento de muitas famílias que já enfrentam dificuldades para pagar a escola este ano. Dados do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF) mostram que a inadimplência triplicou, saindo de uma média histórica de 3% para 10%.
O aumento é livre, mas não pode ser abusivo. Tem que estar de acordo com despesas como salários de professores e investimentos na área pedagógica. De acordo com a Proteste Associação de Consumidores, a primeira coisa é ter acesso à relação de gastos da escola. Todos os gastos deverão ser disponibilizados, até mesmo aqueles com a introdução de aprimoramentos no processo didático-pedagógico. Por isso, os pais devem ter acesso à planilha de custos. “Lá constará para onde está indo o dinheiro e como se pretende gastá-lo no próximo ano”, diz a coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci.
“As escolas não podem cobrar taxas completamente fora daquilo que elas servem. Por isso, nós orientamos as famílias que ao contratar um serviço educacional conheçam exatamente o que estão contratando”, explica Amábile Pacios, da Federação Nacional das Escolas Particulares. Se não concordarem com o aumento, têm direito de entrar em contato com o Procon ou com uma ação no Juizado Especial Cível.
Muitas famílias já acionaram a Associação de Pais e Alunos do Distrito Federal (Aspa-DF) por conta do reajuste das mensalidades. Com tanta pressão sobre o bolso, muitos pais estão trocando a rede privada, que hoje conta com cerca de 200 mil alunos, pela pública. Essa tendência já foi registrada na virada de 2015 para 2016 e deve se acentuar. Como consequência, a demanda por escolas administradas pelo GDF aumentou: 42 mil novos estudantes procuraram a Secretaria de Educação no período de matrícula para o ano letivo de 2016 – número 20% maior que o registrado no ano passado.
Foi o caminho escolhido pelo servidor público João Mendes Lopes, 37 anos. Seu filho Gabriel, 12, teve que mudar de escola. “A minha mulher ficou desempregada e refizemos as contas. Seria uma economia de R$ 870 por mês. É muito dinheiro. Se as coisas melhorarem até o final do ano, podemos pensar em colocá-lo de volta num colégio particular”, disse.
Preste atenção na hora da matrícula:
- O contrato deve ser divulgado em local de fácil acesso, no mínimo 45 dias antes do prazo final de matrícula. No documento, devem constar os valores da anuidade e o número de vagas por sala.
- As escolas não podem cobrar taxa pela emissão de boleto bancário ou de carnê para pagamento de mensalidade.
- Taxa de reserva de matrícula pode ser cobrada pela instituição, mas o valor deve fazer parte da anuidade e ser descontado da primeira mensalidade.
- Mesmo com mensalidades em atraso, os alunos não podem ser impedidos de frequentar as aulas.
- Os estudantes inadimplentes, porém, não têm direito à renovação de matrícula.