Delegado que investiga grampos de Liliane Roriz entrega o cargo
Alexandre Linhares aderiu ao movimento dos policiais civis que reivindica isonomia salarial com a Polícia Federal. Sindicato da categoria afirma que investigação sobre suposto esquema de cobrança de propina por distritais será prejudicada
atualizado
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O movimento dos policiais civis para pressionar o Governo do DF a conceder reajuste salarial para a categoria atingiu em cheio as investigações dos grampos feitos pela deputada distrital Liliane Roriz (PTB), sobre um suposto esquema de cobrança de propina na Câmara Legislativa para destinar emendas parlamentares a empresas na área de saúde. O delegado titular da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap), Alexandre Linhares, entregou o cargo. Os agentes que participam da apuração seguiram o titular da especializada.
Ele engrossa a relação de 857 pedidos de exoneração feitos por policiais civis que ocupavam cargos de chefia e aderiram à Operação Legalidade. Linhares comandou a equipe que deu apoio aos promotores do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) na Operação Drácon, realizada nessa terça-feira (23/8), cumprindo mandados de busca e apreensão na Câmara Legislativa e na casa de distritais, servidores e ex-servidores. Coube ao delegado, também, tomar o depoimento dos integrantes da Mesa Diretora, entre eles o da presidente da Câmara, Celina Leão (PPS).“Oficialmente, pus meu cargo de delegado-chefe da Decap à disposição da direção”, confirmou Linhares ao Metrópoles. Com a decisão, não fará ordens de missão nem funções administrativas (como lotação e distribuição de expedientes). Apenas as prisões em flagrante. Segundo Rafael Sampaio, diretor do Sindicato dos Delegados de Polícia do DF (Sindepo), haverá uma diminuição drástica no ritmo das operações. “Elas não serão suspensas, mas serão prejudicadas. As investigações do caso da Câmara Legislativa ficarão comprometidas”, afirmou.
Nesta quarta (24), a entidade chegou a afirmar que o delegado-chefe da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), Luiz Henrique Dourado, também teria entregado o cargo. Contudo, o titular da especializada confirmou à reportagem que permanece à frente das investigações.
Os sindicalistas se reuniram com o diretor-geral Eric Seba. Formalizaram os pedidos de exoneração e entregaram mais 18 nomes, entre eles, assessores da direção. “Queremos que as entregas de chefias sejam publicadas o quanto antes no Diário Oficial. Não vemos sensibilidade do governo nas negociações salariais. Haverá um incremento de recursos no orçamento do DF com o Fundo Constitucional no ano que vem. O governo tem condições para ceder, falta vontade política”, defendeu Rafael Sampaio.
O diretor do Sindepo afirmou, ainda, que Eric Seba, que já havia se comprometido a entregar o cargo, não o fez porque o seu CPF está vinculado às contas da Polícia Civil, com o cargo de ordenador de despesa. Sendo assim, se ele abdicar da função estará sujeito a multa, que pode chegar a R$ 1 milhão, e até mesmo responder a um processo de improbidade.
Reivindicações
Os policiais civis cobram equiparação salarial com a Polícia Federal. No começou do mês,o GDF ofereceu aumento escalonado á categoria: 7% em outubro de 2017; 10% em outubro de 2018; e 10% no mesmo mês de 2019. Já no fim da tarde do mesmo dia, durante um novo encontro, surgiram outras duas propostas.
A primeira estipulava 23% em agosto de 2017; 4,75% em janeiro de 2018 e 4,5% em janeiro 2019. Na outra sugestão, os percentuais são de 10% em janeiro de 2017; 13% em agosto de 2017; 4,75% em janeiro de 2018 e 4,50% em janeiro de 2019. As duas propostas foram rejeitadas.O Palácio do Buriti retirou a oferta, alegando ter um rombo de R$ 1 bilhão em suas contas.