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Crise ataca de novo, Terracap extingue diretorias e planeja demissões

Uma das unidades afetadas era responsável por passar a gestão do Mané Garrincha à iniciativa privada. Negócio pode atrasar ainda mais

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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A grave crise financeira enfrentada pela Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) ganhou mais um capítulo, com previsão de culminar em uma série de demissões. Com o objetivo de conter gastos, a empresa já extinguiu três das sete diretorias e deve aglutinar ao menos cinco gerências. Fontes ligadas ao comando da empresa adiantaram ao Metrópoles que o próximo passo é enxugar o quadro de 653 funcionários (comissionados e servidores concursados). A estatal estuda como fazer essa redução.

Entre as diretorias fechadas, está a de Novos Empreendimentos (Dipre), que se fundiu à Comercial (Dicom). Uma das funções da antiga unidade era se livrar da gestão do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha e entregá-la à iniciativa privada. Agora, o negócio pode emperrar e agravar ainda mais o rombo da estatal, que arca com os gastos de manutenção da arena, estimados em R$ 700 mil mensais.

A diretoria, que era administrada por André Gomyde Porto, enfrentava dificuldades para repassar a gestão do estádio por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) e viabilizar a Arena Plex. O projeto envolve, além do Mané Garrincha, o Ginásio Nilson Nelson e o Complexo Esportivo Cláudio Coutinho.

Segundo a Terracap, apesar da saída de Gomyde, “o projeto da ArenaPlex continua sendo desenvolvido pela mesma equipe, mas que agora está sob a responsabilidade da Diretoria Comercial”.

Outras diretorias
Além da unidade de Novos Empreendimentos, as mudanças atingiram a Diretoria Administrativa (Digap), que se fundiu à Diretoria Financeira (Dfin); e a de Habitação e Regularização Fundiária (Dehab), incorporada pela de Regularização de Imóveis Rurais (Dirur).

Com a mudança, será elaborado um novo regimento interno. A decisão tem o objetivo de promover o restabelecimento financeiro da empresa e garantir uma gestão ainda mais eficiente

Trecho de nota enviada pela Terracap

Dos três responsáveis pelos departamentos fechados, dois deixaram a Terracap. Além de André Gomyde, foi desligado Gustavo Marques, que chefiava a Diretoria de Gestão Administrativa e de Pessoas. “Já Gustavo Dias acumulava a direção da Dehab e da Dirur. Com a extinção da unidade de Habitação e Regularização Fundiária, ele se mantém como diretor apenas de Regularização de Imóveis Rurais”, explicou a estatal.

Edital atrasado
Embora a empresa tenha afirmado que o projeto da Arena Plex segue em andamento, internamente, a percepção é outra. Servidores ouvidos pela reportagem acreditam que o edital deve ser adiado mais uma vez. Inicialmente, o documento estava previsto para 15 de junho, mas uma exigência da Secretaria de Gestão do Território e Habitação (Segeth) fez o processo subir no telhado.

A Segeth solicitou um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) à Terracap, o que pode levar meses para ser feito, fazendo com que a PPP corra o risco de sair só em 2018. A Terracap, por sua vez, torce para que o processo seja encerrado em dezembro deste ano, uma vez que em 2018 ocorrem as eleições, o que pode complicar ainda mais os trâmites de concessão. Mas com as mudanças internas o cenário fica imprevisível.

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A empresa tem passado por reestruturação interna, com a redução de diretorias. André Gomyde foi um dos diretores demitidos da Terracap no começo de julho. Ele controlava a área de Prospecção e Formatação de Novos Empreendimentos
Do lado de fora, Mané Garrincha não recebeu nenhuma obra do projeto inicial
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No site da Terracap, André Gomyde ainda consta como diretor de Prospecção e Formatação de Novos Empreendimentos

Reprodução
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A empresa tem passado por reestruturação interna, com a redução de diretorias. André Gomyde foi um dos diretores demitidos da Terracap no começo de julho. Ele controlava a área de Prospecção e Formatação de Novos Empreendimentos

Divulgação/Terracap
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Do lado de fora, Mané Garrincha não recebeu nenhuma obra do projeto inicial

Felipe Menezes/Metrópoles

Prejuízo crescente
Em meio a esse turbilhão, a Terracap luta para reverter uma sucessão de números negativos. Após terminar 2015 com lucro de apenas R$ 19 milhões — redução de 97,5% em relação a 2014 —, a empresa amargou prejuízo de R$ 255 milhões no fim de 2016. Os dados colocam a estatal à beira do colapso: o que entra em caixa não é suficiente sequer para cobrir os gastos de R$ 600 milhões anuais.

A empresa tem obras pendentes, como a de infraestrutura do Setor Noroeste, e alega estar sem dinheiro para outros projetos de sua responsabilidade. A perspectiva negativa é atribuída, basicamente, a dois fatores: diminuição de receitas e aumento das despesas.

Nos últimos anos, o rombo nos cofres da empresa foi acentuado também pelo desembolso de R$ 1,5 bilhão com a construção do Mané Garrincha, obra que entrou na mira da Polícia Federal e do Ministério Público pelas denúncias de superfaturamento e pagamento de propina.

Supersalários
As despesas caminharam na direção contrária dos lucros: saltaram de R$ 623,3 milhões, em 2015, para R$ 637 milhões no ano seguinte. Um ambiente crítico, que piorou de vez com a polêmica em torno dos supersalários da empresa.

Os gastos com os 1.082 servidores cresceram 27,3% no ano passado e representaram, em 2016, 58,4% de todas as despesas da Terracap. Na empresa, o diretor financeiro, segundo os trabalhadores, custa R$ 114 mil por mês. O diretor administrativo, por sua vez, recebe R$ 111 mil mensais. Na agência, o gasto com comissionados alcança a cifra mensal de R$ 2,3 milhões, sendo que R$ 1,3 milhão custeiam salários de diretores.

O patrimônio líquido da empresa também foi reduzido de R$ 2,763 bilhões, em 2015, para R$ 2,716 bilhões no ano passado.

A crise financeira da agência atingiu até equipes de vôlei e basquete da capital. Em junho, a Terracap anunciou que não lançaria novo edital de patrocínio até outubro de 2017. Tanto o Brasília Vôlei como o UniCeub/BRB recebiam R$ 1,4 milhão por temporada como patrocínio.

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