Coronel da PM que responde por abuso sexual é promovido e cuidará de finanças da corporação
O oficial Francisco Eronildo Feitosa Rodrigues, novo responsável pelo Departamento de Logística e Finanças, é acusado de tentar agarrar duas mulheres em um bar, uma delas PM, há dois anos. Em 2012, ele foi encontrado caído ao lado de uma viatura, em Águas Claras, com a pistola da corporação e sinais de embriaguez
atualizado
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Mesmo depois de ser denunciado por crime sexual e embriaguez em horário de trabalho — duas situações que foram alvo de apuração interna e constrangeram a Polícia Militar do Distrito Federal —, o coronel Francisco Eronildo Feitosa Rodrigues (foto) foi escolhido chefe do Departamento de Logística e Finanças (DLF) do subcomando-geral da corporação. A nomeação foi publicada no Diário Oficial do DF de terça-feira (12/1). Feitosa responde na Justiça por tentar agarrar duas mulheres, entre elas, uma sargento da PM.
O coronel está na Polícia Militar há 26 anos. Antes de ser nomeado para o DLF, foi diretor de Execução Orçamentária e Financeira do Departamento de Saúde e Assistência ao Pessoal, do subcomando-geral da corporação. Com a nova função, fica responsável por toda a gestão voltada ao aparelhamento e ao pagamento da PMDF. Da compra de viaturas, coletes, rádios e armamentos às obras e reformas de imóveis, tudo ficará sob responsabilidade dele.
Capas de chuva
A área que será comandada por Feitosa é um dos departamentos delicados dentro da PMDF. A partir do DLF, são fechados contratos importantes. Um deles chegou a derrubar o então comandante-geral Suamy Santana, em 2013, quando a corporação anunciou a compra de 17 mil capas de chuva por um valor estimado em R$ 5,3 milhões. Os equipamentos seriam usados pelos PMs durante as copas das Confederações e do Mundo, que ocorreram em época de seca na capital.
De acordo com o coronel Márcio Pereira, chefe da Comunicação Social da PM, a escolha foi do novo comandante-geral da corporação, Marcos Nunes, que assumiu o posto há menos de duas semanas. “Feitosa tem conhecimento na área financeira e, por ter experiência e estar na corporação há muito tempo, precisa assumir um cargo ou função”, justificou Pereira.
Polêmicas
A primeira situação polêmica envolvendo o nome do oficial ocorreu em fevereiro de 2014. Então tenente-coronel, Feitosa foi encontrado caído ao lado de uma viatura da PM, em uma rua de Águas Claras, com uma pistola .40 na cintura e sinais de embriaguez, como registrado à época. O caso foi alvo de uma sindicância dentro da corporação. De acordo com o chefe da Comunicação da PM, porém, foi constatado que ele teve um mal súbito ao volante e sofreu um apagão. Portanto, não estaria embriagado.
Dois anos depois, em agosto de 2014, o oficial foi flagrado por câmeras de um bar em Vicente Pires tentando agarrar à força uma garçonete do local. À época, a jovem tinha 22 anos. Aparentemente embriagado, Feitosa tentou beijar também uma sargento da PM que passava pelo local e que ameaçou prendê-lo, sem saber de que se tratava de um colega de trabalho.
A Corregedoria da PM indiciou o militar e, seguindo o mesmo entendimento, a Promotoria Militar denunciou Feitosa por atentado violento ao pudor. O caso é acompanhado pela Justiça Militar e ainda não teve decisão sobre condenação ou absolvição do oficial. A audiência final para a sentença, segundo a PM, ocorreria ano passado, mas não foi marcada.