Protesto sobre duas rodas cobra segurança para ciclistas
Após enterro de ciclista morto em assalto no Recanto das Emas, amigos de José Leonardo de Abreu promoveram pedalada pela paz. Sepultamento foi marcado pela comoção e revolta de amigos e parentes
atualizado
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O dia foi de homenagens a José Leonardo de Abreu, ciclista morto durante um assalto próximo a quadra 800 no Recanto das Emas no domingo (27/12). Após o enterro, em Taguatinga, cerca de 150 ciclistas de várias regiões do DF se uniram na Praça do Relógio para reivindicar melhorias na segurança.
No início da noite, eles deixaram o local e seguiram pela Estrada Parque Taguatinga-Guará (EPTG) em direção à Catedral Rainha da Paz, no Eixo Monumental. Depois, foram à Praça dos Três Poderes, onde fizeram três minutos de silêncio em homenagem ao colega assassinado.Entre os participantes, estava o vice-governador, Renato Santana. “Costumo pedalar com a minha esposa três vezes por semana e sei dos perigos que eles passam. Mas nem os ciclistas nem o poder público podem ser intimidados. Buscaremos estudos para identificar locais mais vulneráveis e evitar que novas mortes, como a do José Leonardo, aconteçam.”
Mais cedo, por volta das 14h, dezenas de amigos e parentes se reuniram no cemitério de Taguatinga para o adeus a Léo, como era conhecido. Parte dos amigos ciclistas fez questão de ir ao local de bicicleta. Com fitas pretas amarradas nas bikes, saudaram a família com uma salva de palmas e uma oração.
Amigos de infância relembraram os bons momentos do ciclista. “Com ele não tinha tempo ruim. Gostávamos de fazer trilhas, treinar para competições e mesmo pedalar só para o lazer. Era só chamar que ele ia”, conta Arnoldo Henrique Lima, 52 anos, companheiro de ciclismo.
“Mais da metade das pedaladas que dei foi junto dele”, relembra o amigo de infância Evandro Machado dos Santos, 39 anos.
Indignação
O clima no velório era de comoção, mas também de revolta. Segundo os ciclistas amigos de Léo, não foi a primeira vez que ele havia sido vítima de assalto.
Foi a quarta bike que levaram dele. E em todas as vezes ele entregou sem reagir.
Arnoldo Lima, amigo de Leonardo
Diversos deles contaram histórias de medo e insegurança. “Há um mês fui assaltado na QNL de Taguatinga. O assaltante também me deu um tiro, mas a bala ou revólver estava com algum problema e a bala ficou presa na superfície da minha testa”, relatou o radialista José Rômulo de Araújo Junior, 36 anos, que também costuma pedalar.
Além de nos preocupar com o trânsito, vivemos com medo da criminalidade. Temos a sensação que um dia podemos sair e não voltar mais. Às vezes dá vontade de parar”, confessa Junior.
Durante o caminho até o túmulo, os ciclistas saudaram o cortejo com as bicicletas e fizeram uma roda, de mãos dadas, em torno da família. Após o enterro, eles saíram em comboio até a Praça do Relógio, em Taguatinga, para uma manifestação em prol de mais segurança para os usuários de bicicleta do DF.