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Arquitetos e pioneiros se mobilizam pelo Touring. Ao ser notificado, bispo diz que vai “ligar para o governador”. Assista vídeo

Prédio projetado por Oscar Niemeyer pode virar templo de igreja evangélica. Campanha nas redes sociais mobiliza arquitetos e pioneiros

atualizado

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Gabriel Ramos/Metrópoles
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1 de 1 Touring-7 - Foto: Gabriel Ramos/Metrópoles

Desde a construção, o antigo edifício Touring foi várias coisas, menos o que foi planejado para ser. Projetado por Oscar Niemeyer e idealizado por Lucio Costa, o prédio seria, segundo o Relatório do Plano Piloto, um pavilhão “de pouca altura debruçado sobre os jardins do setor cultural e destinado a restaurante, bar e casa de chá”.

Na sua existência, porém, foi um posto de gasolina, um centro de comércio ambulante e tornou-se unidade de atendimento de secretarias do Governo do Distrito Federal. Depois de abandonado, passou por reforma para abrigar um terminal de ônibus – extensão da Rodoviária do Plano Piloto – para atender passageiros do Entorno. A novidade, agora, é que o espaço pode virar igreja.

Neste sábado (24/10), enquanto paredes do prédio eram derrubadas, uma onda de indignação ganhou as redes sociais. Moradores de Brasília, arquitetos e pioneiros usaram as páginas da internet para exigir do Governo do DF uma posição. No grupo figuram pessoas ilustres da cidade como o arquiteto Carlos Magalhães, o ex-secretário de Cultura Silvestre Gorgulho e a filha de Lucio Costa, Maria Elisa Costa.

Fiscalização
A Agência de Fiscalização do DF (Agefis) esteve no local. Porém, a assessoria de imprensa não confirma se foi para embargar a obra. Segundo o órgão, o papel deles é apenas verificar a permissão da obra e a existência de um alvará de construção, não se responsabilizando pela definição de irregularidade por conta do tombamento.

Vídeo enviado ao Metrópoles mostra o momento em que o fiscal da Agefis esteve no local. Um policial militar precisou ser chamado para acalmar os ânimos. O clima esquentou com a presença do bispo Sidney Santos, da Igreja Mundial do Poder de Deus, que se apresentou como responsável pela obra e durante a notificação disse que iria “ligar para o governador”. Confira: 

O edifício é propriedade particular, mas foi tombado em 2012 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como homenagem ao arquiteto Oscar Niemeyer, por ocasião de seu aniversário de 100 anos. Quem visita o local, agora, se depara com as paredes derrubadas, um cenário desolador.

Uma placa de uma imobiliária mostra que o espaço está para alugar. O Metrópoles entrou em contato com o corretor, que informou que não sabia nada sobre a instalação de uma igreja no prédio. Disse que ainda não tinha sido alugado.

Mobilização
Depois de o assunto tomar conta das redes sociais, a mobilização dos brasilienses contra a construção de uma igreja no local virou página no Facebook com quase 500 seguidores, em menos de 24 horas. O grupo foi criado pela arquiteta e prefeita no Conic, Flavia Portela.

touring 2

 

Essa cidade ainda não aprendeu a conviver com o título de patrimônio que tem. Vamos procurar o Ministério Público do DF. Nossa luta é para que o governador Rodrigo Rollemberg desaproprie o local.

Flávia Portela

Silvestre Gorgulho, ex-secretário de cultura do DF, engrossa o coro. “Se estão fazendo uma igreja evangélica no Touring, daqui a pouco vão fazer uma Catedral no Teatro Nacional. Precisamos de um governo de coragem para desapropriar o espaço, discutir o valor na justiça e fazer ali um centro de cultura”, disse.

Reprodução/Facebook
Bispo responsável pela igreja é notificado por servidor da Agefis*Reprodução/Facebook**

A Agefis afirma que tem vistoria marcada no local para esta segunda-feira (26/10), depois de receber denúncias anônimas sobre a construção.

O que diz a lei
Conforme dispõe o artigo 216 Constituição Federal, o tombamento pode ser considerado uma intervenção da União, dos estados ou dos municípios em propriedades privadas com o fim de preservar bens móveis, imóveis, corpóreos ou incorpóreos que tenham valor histórico, científico, tecnológico, artístico, cultural, arquitetônico e ambiental para a população.

A lei prevê que tudo que for tombado deve preservar suas características originais. Para sofrer alterações, no entanto, entidades de preservação responsáveis pelo tombamento precisam ser previamente ouvidos e aprovar as intervenções.

O GDF, por meio da Secretaria de Cultura, se responsabiliza pelo patrimônio e pela preservação de espaços culturais da cidade. Segundo a assessoria do governo, a situação do edifício ainda está sendo apurada.

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