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O preto, o branco e o cinza entre eles: a diferença entre sexo, gênero e orientação sexual

Estes dados são de suma importância que se conheça, mesmo que você não tenha dúvida sobre as próprias definições

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1 de 1 sapato feminino masculino gênero - Foto: iStock

Durante entrevista no Roda Viva, a cartunista Laerte Coutinho explicou os três elementos que compõem a sexualidade: sexo, gênero e orientação sexual. Eu já me vi em muita mesa de bar explicando-os para curiosos. Isso é o que vou fazer agora. Estes dados são de suma importância que se conheça, mesmo que você não tenha dúvida sobre as próprias definições.

Começando com o sexo, a questão é basicamente biológica – macho e fêmea -, em que se encontram nos extremos os cis e os transgêneros. Cis são as pessoas que nascem, vivem e morrem com o mesmo sexo e trans são os que mudam, sobretudo por meio de processos cirúrgicos.

Para ilustrar do que eu estou falando vou citar alguns filmes. Filmes com personagens cisgêneros, o personagem começam a história sendo de um sexo e terminam ainda no mesmo sexo. Exemplos de histórias sobre trans são como o argentino “XXY” onde uma adolescente que se descobre hermafrodita e precisa descobrir com qual sexo se identifica. Também tem o didático e divertido “Transamérica”, sobre um homem que às vésperas de fazer a vaginoplastia descobre ter um filho. Por fim, “20 cm”, comédia musical espanhola sobre uma trans que o sonho é operar e se livrar do “instrumento” famoso pelo seu tamanho.

Acontece que entre cis e trans existem os intersex, pessoas que não se identificam ou não querem se identificar nem com um, nem com outro sexo. Sabe a menina do filme “XXY” citado acima? Pois é, ela não precisaria necessariamente decidir, pode apenas continuar do jeito que está, se assim ela se sentir bem.

sexo, gênero e orientação sexual

Muita gente confunde o sexo feminino e masculino, acreditando que a determinação biológica dá gostos e comportamentos típicos. Gênero é construção cultural. Determinada sociedade e época diz o que é típico do masculino e do feminino, definindo tarefas e a identificação com cada um. Em 2011, por exemplo, quando começou a falar sobre sexualidade, Laerte não se definia com nenhum dos dois e permitia lhe chamarem “o” ou “a” Laerte, mas agora é firme quanto a ser tratada no feminino.

Então, filmes sobre gênero são os franceses “Tomboy”, sobre uma menina que se passa por menino entre os coleguinhas e “Minha vida em cor de rosa”, sobre uma família que tem que lidar com o filho caçula que não entende que é um menino. Outros dois exemplos interessantes são o personagem Diadorin, do clássico “Grande Sertão: Veredas”, que é mulher mas passa a história inteira como homem e mesmo assim desperta o amor do seu amigo Riobaldo. Também a figura histórica de George Sand, amante de Chopin (veja o episódio que “Chapolin” conta essa história), que tinha permissão para frequentar ambientes masculinos, fumar e beber só porque se vestia como homem, apesar de todo mundo saber que não era.

Entre masculino e feminino encontram-se, por exemplo, os não-binários, pessoas que se utilizam de elementos de ambos os gêneros e se recusam a serem encaixados em um ou outro.

A orientação sexual é o campo mais livre dos três, pois vivemos uma época até aberta sexualmente, se não para fazer, pelo menos imaginar. Aqui entram os heterossexuais, homo, bi, pan, e tudo o mais que se pensar. Bom, dos filmes temos toda a filmografia pornô existente, pois lá devem estar todas as expressões sexuais. Porém, sugiro duas obras para quem quiser pensar além: “O sabor da melancia”, sobre o relacionamento de uma garota com um ator pornô durante uma seca em Taipei, e “Saló” ou os “120 dias de Sodoma e Gomorra”, clássico de Pasolini, inspirado no livro do Marquês de Sade, sobre as, talvez, piores perversões humanas.

Há quem defenda a existência de um quarto elemento, o da afetividade, referente a amar homens, mulheres ou os dois e as relações monogâmicas, bigamias, poligâmicas, poliamor. É importante encontrar suas respostas, os lugares que você se sente à vontade, mais legal ainda é saber que não existem apenas duas opções. Na verdade, você pode ver todas elas à sua volta, mas saiba que, em maior ou menor grau, também estão dentro de você.

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