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Celebridades internacionais levantam bandeira quando assumem a homossexualidade, as brasileiras não

Quem é capaz de citar algum brasileiro famoso que tenha saído do armário sem ressalvas? Para ser mais claro, já repararam que os artistas nacionais têm uma forma de se assumirem com um discurso que acaba, de alguma maneira, incluindo a frase “mas eu não levanto bandeiras”? Será que só eu acho isso esquisito? Não dá […]

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Christopher Polk/Getty Images for The People’s Choice Awards
ellen degeneres e portia de rossi
1 de 1 ellen degeneres e portia de rossi - Foto: Christopher Polk/Getty Images for The People’s Choice Awards

Quem é capaz de citar algum brasileiro famoso que tenha saído do armário sem ressalvas? Para ser mais claro, já repararam que os artistas nacionais têm uma forma de se assumirem com um discurso que acaba, de alguma maneira, incluindo a frase “mas eu não levanto bandeiras”? Será que só eu acho isso esquisito?

Não dá para não comparar com celebridades estrangeiras, com destaque maior para as americanas. Ellen Degeneres e Neil Patrick Harris, por exemplo, se assumiram gays, mostraram as suas famílias e aceitaram que, ao fazer isso, estão levantando a bandeira.

Ellen não se furta de falar em seu programa, com seu bom humor característico, sobre o casamento feliz, também as dificuldades de qualquer casa típica norte-americana e o amor por gatos. Isso, dessa forma, afinal por que um dado negaria o outro? E olhe que seu público alvo é bem amplo, incluindo senhoras e as camadas mais tradicionais da audiência (digamos que é o equivalente ao da novela das 6).

Já Patrick Harris interpretou um pegador numa série de comédia de grande sucesso ao mesmo tempo que postava as fotos mais fofas do mundo da sua família fantasiada para o Halloween. Não houve, ou pelo menos ele venceu, aquela máxima da TV que diz que “se um galã se assumir, o público nunca mais vai acreditar quando ele for o par romântico da novela das 9 e sua carreira estará acabada”.

Reprodução/Instagram
A família de Neil Patrick Harris aparece com frequência nas redes sociais do ator

 

Raphael Dias/Getty Images
Falou sobre homossexualiadade pela primeira vez em 2011

08Voltando ao nosso país, apenas muito recentemente, pessoas como Cauby Peixoto e Marco Nanini admitiram ter atração por homens e mulheres. Mesmo Ana Carolina, uma das primeiras a falar sobre o assunto, inclusive na capa da Veja, trata que gosta de homens e mulheres num discurso com alguns “poréns” e “entretantos”.

No programa Roda Viva de 2011, Ney Matogrosso falou pela primeira vez de vários assuntos que até então só havia sido tratado por meio de especulações e fofocas. Contou do seu relacionamento com Cazuza, sobre como lidou com os últimos dias de um companheiro portador do vírus HIV e que não sabe como não se contaminou. Falou também das suas amigas com quem transava de vez em quando, mas ele ainda assim fez a ressalva do “mas não levanto bandeiras”.

No entanto, ele é quem dá uma primeira luz sobre a pergunta feita lá no início. Segundo ele, há muita gente que se aproveita da imagem de quem se assume, para fins políticos ou outros, e que ele nunca quis ser rotulado para se defender desses indivíduos.

Precisamos nos posicionar
Convenhamos que os EUA é um país que, normalmente, as pessoas tem posicionamentos políticos claros, diretos, enquanto que no Brasil, quase sempre a coisa é dita com várias brechas para algum oportuno “veja bem, na verdade o que eu disse foi…”.

Por isso, falta gente que não fala sem sombra de dúvidas sobre sua sexualidade de forma engajada. É para se proteger de quem queira deturpar suas palavras com algum fim. Ao mesmo tempo, quem fala sem rodeios é tido como radical e levantar bandeira se torna um ponto negativo, o que pode render certo boicote, sobretudo à medida que você vai chegando perto de uma mídia que atinge mais pessoas.

Assim de cabeça, a celebridade brasileira de posicionamento político mais evidente é Daniela Mercury. Sua atuação “levantando uma bandeira, engajada politicamente”, não só em relação aos LGBTs, vem desde o seu trabalho como embaixadora da UNICEF.

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Um exemplo da patrulha política do engajamento LGBT é que, quando há alguma comemoração em uma rede social referente a um reconhecimento de direito da classe, começa a pipocar um monte de fotos de crianças subnutridas na África, dizendo que aquela sim é uma causa nobre de se engajar. Engraçado que a maioria dessas pessoas só começam a se preocupar com a fome na África quando há uma pauta LGBT em evidência.

Não dá para negar o patrulhamento contra o engajamento político LGBT e que celebridades são pessoas visadas, mas se os baluartes sustentam esta atitude, talvez a solução esteja na nova leva de artistas que não vão mais precisar chegar aos 70 anos para assumirem o que, na verdade, é bem evidente.

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