A rainha da fuleragem. Bia Medeiros faz de Brasília uma cidade-menina
Coordenadora do coletivo Corpos Informáticos, ex-professora da UnB volta à cidade para comemorar 25 anos de atividade do grupo
atualizado
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Vinte e cinco anos é muita história. Não cabe nesse teclado de celular. Houve momentos extraordinários: em 1996, o balanço na Rodoviária é inesquecível. Balançar em um balanço com raio de 10 metros! Uau!
Bia Medeiros
O Corpos Informáticos tem um forte elemento lúdico. Remete a brincadeiras da meninada. É comum encontrá-los quebrando o cotidiano de ir e vir com ações que tiram as pessoas da seriedade de viver. Outro dia, estavam no Setor Comercial Sul empurrando brincando artesanais de rodinhas bem na hora do almoço. Esse aspecto remete ao jeito moleca de Bia Medeiros.
Minha infância foi muito divertida. Tenho quatro irmãos homens. Brinquei com eles de boneca (já que sou a segunda filha), joguei futebol (até os 18). Vivemos há 300 metros da praia: pegamos muita onda (jacaré). Meu irmão, o terceiro é, até hoje, um palhaço. Sempre rimos muito em família
Com uma pesquisa ampla em videoarte e performance, Corpos Informáticos é uma referência nacional em arte contemporânea. O agrupamento de artistas faz um cruzamento híbrido de linguagens a partir de vertentes de ideias que refletem os eixos cidade, política, corpo e coletivo.
O Corpos, em geral, tem cerca de 10 pessoas. Agora, acho que somos 12. Mas, na real, somos 50. Quase todos que passaram pelo Corpos estão sempre disponíveis para ser Corpos quando necessário. Por exemplo, Camila Soato, nosso braço em São Paulo, e Carla Rocha, nossa perna estadunidense.
Professora de artes da UnB, Bia se aposentou neste ano e está morando no Rio. Mas o Corpos é mundão, como ela costuma dizer. Tem gente em Goiânia, Barbalha (CE), Estados Unidos, São Paulo e Bahia.
Volto agora para Brasília. Dia 10.06, tem exposição com meu trabalho na Galeria Alfinete, Dia 14/6, abre mostra dos 25 anos de Corpos Informáticos, no Museu da República, com lançamento de catálogo
Bia Medeiros
Bia começou a se enveredar pela arte ainda menina. Aos 13 anos, fez um desenho que a impressionou. Na mesma hora, decidiu: “Vou ser artista”. Aos 17, descobriu a gravura. Queria que sua arte fosse compartilhada sem restrições. Passou então a colar as gravuras nos pontos de ônibus da Lapa, no Rio.
Estávamos em plena ditadura. Quando fui para a França (com bolsa do governo francês) continuei a fazer gravura e colar nas rua. Mas lá tinha muito cartaz publicitário que as engolia. Daí me juntei com a Suzete Venturelli e começamos a rasgar esses cartazes, que logo viraram roupa e performance.