metropoles.com

Os Filmes da DC estão completamente perdidos, e o motivo é simples

A DC está mais interessada em criar tramas do que em nutrir personagens, e por isso produz filmes incongruentes e super-complicados.

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação
Joker
1 de 1 Joker - Foto: Divulgação

Se você fosse uma feiticeira com poderes de teletransporte, de controlar pensamentos, de manipular matéria e até mesmo de criar um exército próprio de soldados, e um time de super-heróis viesse lutar contra você, qual arma seria mais apropriada para uso: os poderes descritos acima, ou uma faca?

Para a sorte dos heróis de “Esquadrão Suicida”, que estreou recentemente nos cinemas, Magia (nome da feiticeira que o Esquadrão deve deter) escolhe justamente a última opção. Apesar de usar todos seus poderes para executar um plano que destruiria o mundo, na hora do mano-a-mano, quando está correndo o risco de ser derrotada, ela prefere um duelo de espadas com Arlequina (Margot Robbie), que nem é espadachim.  De tão incoerente, o esquadrão até tem uma samurai entre seus membros, muito mais capaz, e resolve não dar à ela este duelo.

Constante decepção
Esse lançamento recente é o terceiro episódio do “Universo Estendido da DC”, uma cópia um tanto atrasada do “Universo Cinematográfico Marvel”, que já lançou 13 filmes. Enquanto a Marvel coleciona elogios da crítica, a DC é uma constante decepção. Os fanboys mais ácidos até acreditam que os estúdios Marvel pagam críticos para falar mal da DC.

Só que não existe tal conspiração. É só parar e pensar um pouco na pergunta feita acima. Fica claro que as pessoas responsáveis por trazer para o cinema os quadrinhos da DC simplesmente não entendem seus personagens.

Ações Contraditórias
Em “Esquadrão Suicida”, já constatamos que o time de super-vilões não faz nada particularmente vilanesco. Pistoleiro é o mercenário mais procurado do planeta (mas passa os dias passeando pelas ruas de mãos dadas com a filha). Arlequina está louca para fugir da prisão e voltar ao seu amado Coringa (mas com o fim da missão, e sem um explosivo na cabeça, não foge. Faria sentido se a última cena do filme não fosse o Coringa resgatando-a da prisão).

Rick Flag reclama o tempo inteiro de que o exército está usando vilões para proteger o país (mas nem reclama quando Amanda Waller executa, a sangue frio, uma sala inteira de militares inocentes). Capitão Bumerangue é liberado de sua obrigação e foge correndo de um bar (mas corre de volta menos de um minuto depois). E a própria Amanda Waller monta uma equipe de meta-humanos (mas inclui no time pessoas sem poder algum, como Arlequina e o Capitão Bumerangue).

Superman, o incompreendido
Superman é um caso à parte. É o super-heroí mais difícil de ser adaptado, pois é invencível. Também é quem acumula mais reclamações nesta nova série de filmes, e o problema é o mesmo: os roteiristas não entendem o personagem e seus poderes.

Um simples exemplo: no começo de “Batman vs. Superman: A Origem da Justiça”, Lois Lane está em apuros na África, com um soldado apontando uma arma para sua cabeça. Superman chega em um segundo. Em outro segundo, carrega o soldado, pronto para dar um tiro em Lois, para longe. Moleza.

Duas horas depois, no mesmo filme, sua mãe é raptada por um bando de capangas e mantida refém. Para salvá-la, diz Lex Luthor, Superman terá de matar Batman. O todo-poderoso não vê outra escolha senão encontrar o Homem-Morcego. É uma proposta ridícula, que fica pior ainda por ser a reprise de um momento do começo do filme, que ele executou sem problema algum.

Socorro, Batman!
Como fora prometido no título, Batman e Superman se confrontam, mas sem o uso de nenhum superpoder. Aparentemente, Superman nunca pensou em usar sua supervelocidade para raptar Batman e mandá-lo para longe de suas armadilhas ou mesmo para conversar com ele de longe, possivelmente enquanto flutua. Depois de formarem uma amizade, ele pede que Batman, um ser muito menos poderoso e muito mais lento, salve a sua mãe.

Batman, até agora, foi o mais bem-recebido. Diferentemente de suas outras interpretações, porém, ele mata. Um monte de gente. Para quem acompanha suas histórias, sabe que uma das maiores questões de seu universo é que, se Batman matasse o Coringa, ele não conseguiria fugir toda hora da prisão e matar mais gente.

Mas Batman não consegue quebrar sua única regra. Christopher Nolan incorporou isto em sua série. Snyder nem se importou. E por falar nisso, o Batman que no começo do filme acha uma tragédia a luta entre Superman e o General Zod destruir a cidade, destrói a cidade no final do filme, de dentro do seu Batmóvel.

Diferença entre personagem e trama
É assim que os roteiros do Universo DC funcionam. Seus personagens usam seus poderes quando é necessário para a trama, e os esquecem quando também é necessário para a trama. Para construir um filme, sua trama age como uma espinha, a estrutura óssea que sustenta a história.

Já os personagens e suas motivações formam o resto do corpo. Balancear os dois é importante, e foi isso que a Marvel aperfeiçoou (especialmente depois do desastre que foi “Homem de Ferro 2”, que se aproxima mais de um filme da DC).

A DC está mais interessada em criar tramas, e por isso produz filmes com mais de duas horas de duração com tramas super-complicadas e personagens incongruentes. Já a Marvel quer criar e nutrir seus personagens, e por isso a maioria de seus filmes tem a mesma trama, passo a passo. Mas qual dos dois preferimos assistir?

Mesma trama, condução diferente
Se alguém comparar os dois maiores lançamentos de 2016, “Batman vs. Superman: A Origem da Justiça” e “Capitão América: Guerra Civil” verá a mesma trama: dois super-heróis são obrigados a brigar entre si a mando de um vilão sem poderes.

Bombas são detonadas em prédios públicos. Novos super-heróis, de países exóticos, são apresentados. Figuras paternas e maternas dos heróis são pontos relevantes da trama. Mas só um dos dois estúdios sabia realmente o que fazer com seus personagens.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?