Tirar o glúten da dieta não ajuda a emagrecer
Apesar de parecer, nem sempre os alimentos sem a proteína são mais saudáveis ou menos calóricos
atualizado
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Recentemente, o que mais ouço falar quando converso sobre dieta com as pessoas é que eles não comem mais glúten. A proteína, presente naturalmente em cereais, como trigo, centeio, aveia e cevada, ganhou o título de vilã nos últimos anos. Famosas cortaram este item da dieta, revistas dedicaram matérias ao tema e especialistas lançaram livros condenando o ingrediente. Mas, afinal o que há de verdade em toda essa história de que glúten faria engordar?
O assunto é controverso. Alguns especialistas dizem que não existem intolerantes à substância, apesar de algumas pessoas (não celíacas) relatarem sentir “mal-estar” e estufamento no abdômen quando consomem a proteína.
Apesar de parecer, nem sempre os alimentos sem glúten são mais saudáveis ou menos calóricos. Por isso, tirá-lo do seu cardápio com a intenção de emagrecer não faz o menor sentido. A verdade é: normalmente, os alimentos que contém essa substância são mais “energéticos”. Por isso, se houver um consumo exagerado, o corpo vai armazená-lo em forma de gordura, gerando assim o aumento de peso. Em tempo: o excesso de qualquer alimento pode engordar.
Em estudo recém-publicado na Universidade de Monash, na Austrália, cientistas recrutaram voluntários que se diziam intolerantes. Eles os dividiram em três grupos. O primeiro recebeu uma alimentação cheia de glúten, o segundo, refeições com pouca quantidade da proteína e o terceiro, fez uma dieta sem a substância. Ninguém sabia de qual grupo fazia parte. No período da experiência, os participantes das três turmas relataram piora dos sistemas gastrointestinais, mesmo os que não comeram nada com a substância. Os autores desse trabalho afirmam com veemência que o efeito psicológico possa estar por trás da tal “intolerância” tão divulgada por aí.
Gente, vamos avaliar as coisas antes de sair por ai acreditando em tudo. Não vale a pena cortar o glúten do cardápio sem antes consultar um médico e ser diagnosticado com alguma doença ou síndrome. As pessoas rotularam essa substância como vilã da dieta e isso não é verdade. Você pode comer pão (e outros produtos que contém a proteína) em quantidade adequada e orientada por um nutricionista.
Comece a pensar na quantidade que você come. Todos nós temos uma noção do que é saudável ou não. O segredo está nas suas escolhas e não no glúten. Você sabe que batata cozida é mais saudável do que a frita, que fruta é mais saudável que sorvete, que pão 100% de farinha integral é melhor que o de farinha branca. Então, não use desculpas para justificar o aumento de peso. Comece a pensar na quantidade e na qualidade do alimento que você está ingerindo. Tirar o glúten da vida deveria ser apenas para as pessoas que verdadeiramente não podem consumir a proteína por questões de saúde.
Sobre o diagnóstico
Cerca de 1% da população mundial possui a doença celíaca, ou seja alergia ao glúten. Nesse tipo de alergia, o glúten não é bem aceito pelo intestino. Quando ele chega ao órgão dessas pessoas (e só nelas), desencadeia uma reação do sistema imunológico. Segundo o gastroenterologista Alexandre Sakano, do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim – SP, os sintomas mais comuns são: diarreia, dor, distensão abdominal e inchaço. Mas, atenção, porque aqui estamos falando de uma doença especifica que atinge uma a cada 100 pessoas.