90% dos acidentes domésticos acontecem por negligência dos pais
Na hora do aperto, percebi o quanto estou despreparada para lidar com situações de emergência dentro de casa
atualizado
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Dia desses, em visita à casa de uma amiga, meu filho mais novo, de um ano, prendeu a perninha entre os vãos da estrutura de um sofá. Ele estava se divertindo em cima da peça de madeira (sem o acolchoado), enquanto eu comia mosca, até que começou a chorar, aflito, pedindo ajuda.
Ele havia entrado no vão com um dos joelhos e girado o corpo, de forma que o ângulo não mais permitia a retirada fácil da perna. Isso tudo eu entendi depois, porque, na hora, fiquei absolutamente desesperada. Comecei a suar frio e a pensar que precisaríamos acionar os bombeiros para serrar o sofá e que, até tudo isso acontecer, ele ficaria lá, sofrendo.
Enquanto eu me desesperava, a amiga da minha amiga usou o cérebro de forma racional, pegou o sabonete líquido, passou na perna de Solano e o ajudou a deslizar para fora do vão. Tudo acabou bem, mas depois eu fiquei pensando em como eu sou despreparada para lidar com emergências domésticas – e olha que essa nem foi uma emergência tão grande assim.“O pai e a mãe têm o instinto de proteção, mas não conseguem racionar no calor da hora”, disse, de forma compreensiva, o major Fabrício Monteiro, do Corpo de Bombeiros. Ele ressaltou, entretanto, que mais de 90% dos acidentes domésticos acontecem por negligência dos pais ou cuidadores. “Criança nos cega. Não dá para vacilar”, lembrou, e eu senti o puxão de orelha.
Os acidentes domésticos são a maior causa de morte de crianças com menos de nove anos em Brasília. Segundo um levantamento do Ministério da Saúde divulgado no ano passado, os sufocamentos representavam 40% das ocorrências, os afogamentos, 26%, as queimaduras, 14% e as quedas, 7%.
O major Fabrício afirma que a cozinha e área da piscina são os lugares mais perigosos para as crianças. “Na cozinha, além do fogão e das panelas, há o risco da ingestão de substâncias tóxicas”, lembra. Nas áreas de lazer, o mais importante é não deixar meninos e meninas sem supervisão, nem por um segundo, nem com boia nos braços.
Fabrício recomenda que os pais procurem se informar sobre primeiros socorros, nos canais de comunicação do Corpo de Bombeiros – no YouTube, por exemplo, há uma série de vídeos chamada “Dicas que salvam”, com informações rápidas para situações de emergência – ou mesmo no batalhão mais próximo.
Além disso, é preciso preparar o ambiente onde a criança vive para evitar os acidentes. A ONG Criança Segura listou uma série de medidas que podem ser adotadas, em todos os cômodos da casa.
Agora, é só fazer a lição de casa.