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Funaro, o operador de Eduardo Cunha, prepara delação explosiva

Doleiro preso na Papuda negocia contar o que sabe ao MPF. Lista inclui Temer, Padilha, Geddel e arrecadador de campanha de Rollemberg

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
Lúcio Bolonha Funaro
1 de 1 Lúcio Bolonha Funaro - Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Lúcio Bolonha Funaro está decidido a fazer delação premiada. Preso desde 1º de julho de 2016 no Centro de Detenção Provisória (CDP) da Papuda, em Brasília, o doleiro que guarda segredos de figurões da República e do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) resolveu contar o que sabe.

Sem perspectivas de ganhar a liberdade e emocionalmente abalado após sete meses de confinamento, o presidiário se reuniu duas vezes nos últimos 15 dias com os procuradores da República, que já lhe ofereceram o instituto da delação. Uma possível colaboração depende do interesse do Ministério Público Federal (MPF) e de homologação da Justiça.

A recente transferência do detento para o castigo, após ter sido pego com acesso a regalias, desesperou Funaro e consolidou nele a certeza de que só uma delação encurtaria o seu caminho até a porta de saída da Papuda.

Um dia antes de ser transferido para uma cela de punição disciplinar, Funaro participou de uma audiência com os procuradores. O doleiro já elaborou o cardápio de autoridades que pretende delatar na esperança de que a pena dos crimes eventualmente cometidos no âmbito da Lava Jato seja atenuada.

Em sua lista, constam o presidente da República, Michel Temer; o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha; o secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco; e o ex-ministro Geddel Vieira Lima; além do empresário Ricardo Leal, que integra o conselho de administração do Banco de Brasília (BRB).

Na teia das delações
O doleiro atuou junto a Eduardo Cunha entre 2011 e 2015. Conhece cada operação financeira apontada como criminosa pelos procuradores da República. Ele é acusado pelo MPF de cobrar propina a empresários interessados em conseguir empréstimos do Fundo de Investimentos do FGTS, o FI-FGTS. Caiu na Lava Jato a partir da delação do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Fábio Cleto.

Cleto contou aos investigadores que Cunha ficava com a maior parte da propina afanada do fundo (80%). Funaro ficava com 12%, enquanto os 8% restantes eram divididos entre o próprio Cleto e o empresário Alexandre Margotto, apontado como ex-assessor de Funaro. Em troca de uma janela para a liberdade, o doleiro está prestes a admitir a parte que lhe cabe no esquema e tipificar a atuação de vários outros políticos e empresários.

Funaro tem, por exemplo, detalhes sobre os bastidores da construção do residencial La Vue, que motivou a queda de Geddel do governo Temer. E se diz capaz de desestabilizar o governo federal a partir dos relatos sobre o papel de cada um dos políticos citados em esquemas de corrupção. Em relatório da Polícia Federal que reúne a transcrição de conversas mantidas pelo doleiro, é possível tirar a temperatura do poder explosivo de Funaro ao falar de Geddel: “Ele é boca de jacaré para receber e carneirinho para trabalhar, e ainda reclamão”.

Arrecadador de Rollemberg
As revelações do doleiro têm potencial incendiário também para personagens do cenário político local. Entre os nomes que surgem da lista apresentada aos procuradores, está o de Ricardo Leal, um dos principais arrecadadores da campanha do governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB).

Em novembro, o doleiro pediu à Justiça “um voto de confiança” e sustentou que colaboraria com as investigações em liberdade. Na ocasião, o juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, negou a concessão a Funaro.

Nos bastidores, o doleiro dizia a seus advogados que era capaz de segurar as pontas por até dois anos. Não será mais. Muito antes disso, pretende dividir o peso de sua pena.

A assessoria de comunicação da Procuradoria-Geral da República informou que o órgão não fala sobre “eventuais acordos de colaboração premiada não homologados pelo Judiciário ou sob sigilo”.

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