Temer e a “Romerobrittização” do modernismo nos palácios de Brasília
A família Temer trocou sofás e tapetes icônicos do design no Palácio da Alvorada. Sobrou até para Portinari, substituído por Romero Britto
atualizado
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Marcela Temer e nosso presidente Michel Temer não curtiram a decór do Palácio da Alvorada. Isso de casa decorada por Oscar Niemeyer deve ser démodé na alta cúpula do poder brasileiro. Mandaram tirar os tradicionais tapetes vermelhos que ornavam as rampas desde 1960. Provavelmente, acharam o estilo muito “de esquerda”.
Os sofás pretos e de cor telha, escolhidos pelo arquiteto e por sua filha, Anna Maria Niemeyer, foram substituídos por estofados beges, contrariando a tendência para 2017.
Nem os tapetes persas sobreviveram à fúria decorativa de Marcela, que bateu os pés, do alto de seu salto 15cm, pra dizer que não curte a cor vermelha e que queria as peças de arte fora. Sobrou até para o Palácio do Planalto, que teve obras do mestre Cândido Portinari substituídas por telas de Romero Britto.
Tudo bem que, nesse caso, o governo federal foi obrigado a devolver 48 obras de arte cedidas pelo Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro. Mas a impressão é que, na cabeça do casal oficial da República, Romerão > Portinari. Os prints de sofás fofos de Marcela Temer no Pinterest > sofás escolhidos por Niemeyer. Respeito o trabalho de Romero e um bom e velho sofá bege. Mas, sabe… Há limites.
Não é só falta de noção, de aulas de história ou de bom gosto. É falta de respeito mesmo
Lula também foi outro que mudou o paisagismo do Palácio. Colocou uma estrela de flores vermelhas no que julgou ser seu quintal.
Vale lembrar que o Palácio da Alvorada é, sim, um espaço público.
A residência oficial só ocupa um dos três andares retocados pela primeira-dama. E, principalmente, o palácio é um patrimônio do Brasil. Tombado. Um projeto pensado externa e interiormente por uma das maiores e mais reconhecidas mentes brasileiras de todos os tempos.
Nada disso é suficiente pro casal. Romerobrittização do modernismo. Temerização do Brasil. Apertem os cintos.